Zeca Baleiro faz espetáculo de som e cores em Goiânia

Data: 09/09/2017
Fonte/Veículo: O Hoje
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Não é apenas com música que um show é construído. O público quer uma experiência diferente, algo que se mantenha intacto na memória como um momento novo em suas vidas. Para isso, vale usar todas as técnicas disponíveis para atiçar não somente a audição, mas o tato, o paladar, o olfato, a visão e o coração. Em sua última apresentação em Goiânia, no dia 5, Zeca Baleiro acertou em cheio.

O cantor, compositor e cronista chegou ao encontro da coletiva de imprensa com uma simplicidade que só vendo para crer. De boné, camisa e sandália, sua simpatia encheu a sala e mostrou que aquele momento estava longe de uma formalidade que o “figurino” manda. Nascido em 1966, Zeca percorreu um grande caminho para se tornar o “monstro” que é hoje. Sua memória mais antiga da música está relacionada às cantigas de roda em sua cidade, Arari, no interior do Maranhão. “Lá tinha uma cultura muito grande dessas cantigas. Junto com meus primos e irmãos, recolhemos mais de 100 dessas canções e um dia quero produzir algo com esse material, só não sei se o mundo atual teria interesse”.

A segunda memória mais antiga de Zeca com a música tem a ver com o rádio AM, que possuía uma presença muito forte e “onipresente”, em que ele podia ouvir Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Raul Seixas, Martinho da Vila e outros importantes nomes da música brasileira. “A terceira memória é de meus irmãos tocando os sucessos da época nos saraus feitos na porta de nossa casa”. Para ele, todo o seu passado o influencia tanto hoje quanto em seus primeiros trabalhos nos anos 1980.

Juntamente com sua irmã, começou a compor canções e criar versões de músicas inglesas e americanas aos 14 anos. Mais tarde, Zeca Baleiro iniciou alguns trabalhos com teatro e depois se encorajou para mostrar suas próprias composições, participando de festivais e apresentações na faculdade.

Vida

O cantor conta que é um dilema conciliar sua vida pessoal com a artística. Ele fala que a “persona pública” de alguém nem sempre corresponde a real personalidade dela, o que não é bem o seu caso. “Posso dizer que as minhas são bem parecidas. Ninguém é completamente desnudo, quando saímos para tomar um café, vestimos uma máscara naturalmente”. Zeca fala que todo mundo possui o artifício da máscara, sobretudo o artista, por ser uma pessoa exposta a maior parte do tempo.

Por levar uma rotina simples, sua vida pessoal acaba sendo bem discreta. Ainda assim, continua sendo difícil ajustar as duas. “O impasse se impõe com o tempo, só que é a minha vida, sabe? Acredito que toda profissão tenha suas delícias e suas dores”.

Câmpus

Pela segunda vez, o Projeto Música no Câmpus trouxe o cantor para se apresentar na Universidade Federal de Goiás. Com a promessa de trazer consigo diversos hits de sua discografia, o público se deparou não apenas com tais canções, mas também com arranjos contagiantes de músicas já consagradas e releituras de obras de outros artistas.

Esbanjando bom humor e alegria, Zeca deu início a noite com “Heavy Metal do Senhor”, primeira canção de seu primeiro disco, “Por Onde Andará Stephen Fry?”, de 1997. A apresentação ocorreu com um jogo de luzes hipnotizantes, que projetavam na plateia os sentimentos de cada verso e guiavam a dança de cada um na multidão. O certo é que se havia alguém sentado, provavelmente não permaneceu por muito tempo. A onda de nostalgia pegava cada um pela mão e estimulava uma dança em meio a várias outras.

Saltando 19 anos, foi a vez de “Era Domingo”, faixa que pertence ao sexto álbum solo do cantor. Em seguida, “Alma Nova” e “Meu Amor, Minha Flor, Minha Menina”, ambas de 2005. Também tocou sua versão de “Proibida Pra Mim”, do Charlie Brown Jr., “Ai Que Saudade D’Ocê”, de Geraldo Azevedo, e “Alma Não Tem Cor”, do multi-instrumentalista André Abujamra. 

Para a estudante de Jornalismo, Bárbara Luiza, um fato especial sobre Zeca que ficou em sua mente durante o show foi sua simplicidade. "Entre todas as luzes coloridas, instrumentos e caixas de som, em frente ao microfone estava um homem como qualquer outro". Ela ainda diz que "as roupas que ele estava usando poderiam ser de qualquer trabalhador em um dia rotineiro".

A setlist da noite passou por “Vô Imbolá” e “Líricas”, segundo e terceiro álbum de Zeca Baleiro, lançados em 1999 e 2000, respectivamente. O cantor ainda apresentou a agraciada “Telegrama”, do disco “Pet Shop do Mundo Cão” (2002), como também faixas de “Baladas do Asfalto e Outros Blues” (2005) e “O Coração do Homem Bomba - Vol. 1” (2008).