Decisão do STF viabiliza conclusão de pesquisa na UFG

A aprovação do uso de células-tronco embrionárias, votada pelo Supremo Tribunal Federal, dá a oportunidade à professora da UFG, Lídia Guillo, de terminar sua pesquisa

O Supremo Tribunal Federal aprovou, no dia 29 de maio, as pesquisas com células-tronco embrionárias no país. O STF julgou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), contrária às pesquisas, sob a alegação de que elas violavam o direito à vida. Depois de um debate, o presidente do STF encerrou a sessão, que teve seis votos julgando a ação improcedente.

Essa indefinição sobre o uso de células-tronco embrionárias prejudicou diretamente o andamento de pesquisas da professora titular do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lídia Guillo. Ela não realizou a terceira etapa da pesquisa que estava prevista no projeto aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), porque era preciso fazer o descongelamento de blastócitos, uma estrutura anterior ao embrião e a decisão do Supremo ainda não tinha sido divulgada.

Iniciada em 16 de abril de 2006, a pesquisa será concluída no dia 16 de junho. Lídia Guillo prepara a prestação de contas ao CNPq, que financiou as pesquisas com recursos do Ministério da Saúde. A pesquisa da UFG recebeu R$ 250 mil, dos quais R$ 170 mil foram gastos com equipamentos e material de consumo e R$ 80 mil com bolsas para os pesquisadores.

Mesmo sem realizar a terceira da pesquisa, a equipe da professora tirou conclusões que podem ser importantes em caso de transplantes a partir de células-tronco embrionárias. As duas etapas anteriores da pesquisa, que usaram células embrionárias de camundongos, foram realizadas. A pesquisadora chegou à conclusão de que é possível multiplicar células-tronco embrionárias na presença de nanopartículas magnéticas, que substituem a estrutura usada atualmente, formada por fibroblasto de camundongos.

A professora explica que o resultado da pesquisa representa um grande avanço, porque estruturas desenvolvidas em fibroblasto animal não poderiam ser transplantadas para humanos. Antes desses resultados, era preciso realizar uma limpeza nos tecidos ou órgãos desenvolvidos, mas as nanopartículas magnéticas, agora, realizam esse trabalho. Além disso, ainda possibilita aos pesquisadores acompanhar, em tempo real, o desenvolvimento das células transplantadas no organismo receptor, por meio de equipamentos de ressonância.

Lídia Guillo diz que estava em uma situação incômoda, pois precisava da decisão do STF para finalizar sua pesquisa, mas a decisão acabou demorando. “Recorremos a alguns juristas que nos orientaram a fazer, sem problemas o descongelamento das células, mas acabamos decidindo não fazer, afinal de contas, a lei está em vigor” explica a professora. Ela comemora o resultado da votação do Supremo, dizendo que abre novas perspectivas para as pesquisas, já que células-tronco embrionárias podem dar origem a qualquer tipo de célula, o que ajuda no desenvolvimento dos estudos.

Fonte: Agência de Notícias