Universidade Federal de Goiás sequencia genoma do Ipê Roxo durante pesquisa

Data da notícia: 21 de Fevereiro de 2018 

Veículo/Fonte: O Hoje

Link direto da notícia: http://ohoje.com/noticia/cultura/n/145432/t/universidade-federal-de-goias-sequencia-genoma-do-ipe-roxo-durante-pesquisa 

 

É a primeira vez que uma árvore Neotropical tem o genoma sequenciado. Pesquisa pode gerar melhoramento da espécie para usos comerciais e ambientais. A escolha do Ipê Roxo não veio por acaso

Pesquisa da Universidade Federal de Goiás realizou um feito inédito: o sequenciamento do genoma de uma árvore nativa do Cerrado, o Handroanthus impetiginosus, o Ipê Roxo. O trabalho foi realizado pela professora Rosane Collevatti do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-UFG) e Evandro Novaes da Escola de Agronomia da UFG (EA-UFG), com a participação pesquisadores da Embrapa. O estudo teve financiamento do CNPq e também  da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).  Essa é a primeira árvore neotropical a ter o genoma completo sequenciado.

Segundo a professora Rosane Collevatti, as árvores têm importância ecológica e prática, pois detém a maior quantidade de biomassa no mundo e retém carbono, com importância marcante nos ecossistemas. A escolha do Ipê Roxo não veio por acaso. A árvore escolhida, está localizada dentro da Escola de Agronomia da UFG. “O ipê roxo ou pau d´Arco como é conhecida é uma das madeiras mais exploradas no Brasil, com alta densidade e durabilidade. Assim como a aroeira são madeiras que não apodrecem”. A árvore é a segunda com maior valor econômico no país, atrás apenas do mogno. Sua exploração econômica move milhares de dólares e ainda há componentes medicinais na planta: “Ela produz o composto lapaxol, que tem atividade anti-cancerígena comprovada”, afirma. Por esses e outros motivos a população de ipês roxos, que é nativa, tem diminuído.

A professora explica que conhecer o genoma é a primeira frente de trabalho da pesquisa. “Saber como ele se organiza permite-nos conhecer melhor o perfil da espécie”, explica Rosane. Os ipês demoram cerca de 50 anos para chegar ao estágio para exploração da madeira, o que torna difícil plantá-lo em escala industrial. “Com os estudos podemos por melhoramento genético, acelerar o processo de crescimento e permitir o plantio das árvores para exploração”. 

Outra possibilidade é o combate a exploração clandestina de madeira sem manejo certificado. A genotipagem pode permitir o rastreamento das árvores exploradas. Em outra frente, a seleção de genótipos pode auxiliar na conservação e uso sustentável da espécie.

O genoma foi depositado em um banco de dados públicos. “Qualquer pessoa que quiser trabalhar com esses dados poderá usá-los gratuitamente. Informação gera informação e mais conhecimento. Essa é uma filosofia da genética e da genômica”, ressalta. O material está disponível no National Center for Biotechnology Information (NCBI).

O estudo completo pode ser acessado no link.

(Foto: Reprodução)