Nome de primeiro mamífero brasileiro da era dos dinossauros faz tributo a David Bowie

Pesquisadora da Regional de Catalão integra equipe de cientistas da USP, UFG, Unicamp, do Museo de La Plata (Argentina) e do Massachusetts Institute of Technology (EUA) responsável pelo reconhecimento da espécie

 

 

 Mariela Castro e o dente mamífero

Pode não parecer muito, pois se trata de um único dente pré-molar de 3,5 milímetros, mas foi o suficiente para pesquisadores brasileiros, argentinos e estadunidenses reconhecerem a primeira espécie brasileira de mamífero do Mesozóico, época em que os dinossauros dominavam o planeta. O nome com o qual a espécie foi batizada, Brasilestes stardusti, faz alusão ao Brasil e, por meio de seu icônico personagem Ziggy Stardust, homenageia o músico britânico David Bowie, morto em 2016. Foi justamente nesse ano que o fóssil de Brasilestes stardusti foi encontrado, em rochas ricas em restos de dinossauros e crocodilos, no município de General Salgado, oeste do estado de São Paulo. A descrição da nova espécie foi publicada em 30 de maio de 2018 na revista científica inglesa Royal Society Open Science.

O estudo de Brasilestes stardusti contou com a participação de biólogos, paleontólogos e geólogos da Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP), do Massachusetts Institute of Technology (MIT-EUA) e do Museo de La Plata (Argentina). A pesquisadora responsável pela primeira assinatura do artigo na publicação britânica é a professora da UFG, Regional Catalão, Mariela Cordeiro de Castro. A cientista é bióloga com experiência em Zoologia, Sistemática e Biogeografia, e atua, principalmente, no estudo de mamíferos extintos e viventes.

 

Além de identificar o animal, a equipe estudou detalhadamente o esmalte de seu dente, reconstituiu o paleoambiente em que viveu, além de ter datado (pela primeira vez a partir de estudos radioisotópicos) as rochas arenosas de reconhecida riqueza paleontológica que cobrem boa parte do Oeste Paulista. Com isso, descobriu-se que o Brasilestes stardusti teria vivido aproximadamente entre 80 e 75 milhões de anos atrás, o que corresponde ao fim do período Cretáceo, pouco antes da grande extinção dos dinossauros.

 

Raridades

Muito abundantes e diversos após a extinção desses grandes répteis, os mamíferos eram muito mais raros na Era Mesozoica. Em geral possuíam pequeno tamanho, ocupando nichos não explorados pelos dinossauros, como os de animais noturnos, arborícolas ou fossoriais. Apesar de pequeno, com um comprimento equivalente ao de um gambá atual (estimado em cerca de 50 cm), o Brasilestes stardusti teria sido um dos maiores mamíferos da sua época, quando os representantes do grupo geralmente não ultrapassavam os 15 centímetros.

 

Segundo a pesquisadora da UFG, Regional Catalão, Mariela Castro, líder do estudo, o Brasilestes stardusti pertence ao grupo de mamíferos chamado Tribosphenida, que também inclui os marsupiais (gambás, cangurus) e placentários viventes (mamíferos em geral), mas não os monotremados (mamíferos que botam ovos, como o ornitorrinco). “Os tribosfênidos contam com diversos registros no Cretáceo do hemisfério norte, mas no hemisfério sul foram encontrados apenas na Índia, Madagascar e norte da América do Sul, estando ausentes nas ricas faunas de mamíferos registradas no sul do nosso continente (principalmente na Patagônia Argentina). Assim, a descrição de Brasilestes stardusti vem a preencher uma importante lacuna no registro de mamíferos mesozoicos, ressaltando a importância do Brasil para a compreensão da história evolutiva do grupo”, explica Castro.

 

Fonte: Secretaria de Comunicação da UFG (Secom UFG), a partir de informações dos pesquisadores Mariela Cordeiro de Castro (UFG - Regional Catalão) e Max Cardoso Langer (USP - Ribeirão Preto).

 

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Fonte: Secom UFG

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