Produzir alimentos de qualidade para o consumidor foi o foco principal do I Encontro – Produção Segura de Hortifrúti de Goiás, realizado ontem pela manhã no galpão dos produtores da Ceasa. O evento, promovido pelas Centrais de Abastecimento de Goiás em conjunto com o Ministério Público, teve parcerias de outras instituições públicas e privadas. O congresso foi prestigiado pelo governador em exercício, José Eliton, que se declarou um produtor também preocupado com a segurança alimentar e que o governo do Estado pretende tomar um conjunto de medidas para fomentar a agricultura e abrir espaço para o agroecológico.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação, José Eliton, ressaltou a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB), que está salvando a balança comercial brasileira. Ele disse que a participação agropecuária de Goiás tem vitaminado o PIB. Apesar da força produtiva goiana, recomenda o uso controlado dos defensivos agrícolas para preservar o meio ambiente e impedir suas consequências danosas à saúde do homem e dos animais.
Conscientização
O seminário teve o objetivo de informar e conscientizar o produtor a fazer o uso racional de agrotóxicos na produção de hortifrúti. O evento teve caráter educativo e visou atingir toda a família do produtor. O uso inadequado dos insumos agrícolas, além de contaminar os alimentos, provoca sérios problemas à saúde do trabalhador, tornou-se o foco do encontro e abordagem da promotora de justiça Alessandra Melo, de José de Souza Reis, do Crea-GO, de Rodrigo Baiochi, da Agrodefesa, e de Leo Lince do Carmo Almeida, da Emater-Goiás.
Segundo os palestrantes, é fundamental envolver todos os elos da cadeia produtiva. É preciso conscientizar o produtor para respeitar os períodos de carência e aplicação de agrotóxicos dentro dos níveis permitidos. O uso seguro e correto do insumo tem reflexo positivo na saúde de todos e na preservação do meio ambiente. Os limites de tolerância são estabelecidos por cultura. Atualmente, ainda existem problemas com o uso incorreto de agrotóxicos que acaba prejudicando a eficácia do produto.
Cuidados
O uso correto e seguro dos agrotóxicos; manejo integrado de pragas; impactos no meio ambiente e na saúde; risco de contaminação dos mananciais de abastecimento constituíram temas dos palestrantes de maneira geral. O próprio presidente da Ceasa, Edivaldo Cardoso, teceu considerações a respeito da sustentabilidade. Observou inclusive que um banco de alimentos está sendo criado para distribuir alimentos a milhares de famílias e que não estejam conservando a boa aparência para a comercialização. Uma estação de tratamento de esgotos para reutilização da água também foi anunciada por ele. José Reis chamou mais atenção para o manejo integrado de culturas e acentuando que a aplicação de agrotóxicos tem sido mais acentuada no tomate. “O controle na aplicação deve merecer cuidados especiais”, observou.
Impactos ambientais
Leo Lince, da Emater-Goiás, ofereceu seu testemunho sobre os impactos ambientais nos hortifrútis. Abordou questões relativas ao desmatamento desmedido, erosões decorrentes, afetação dos mananciais, esgotamento de água doce, poluição das águas, empobrecimento do solo, queimadas, perdas na biodiversidade, afetando aos homens, animais e consequências danosas na produção de alimentos e de remédios.
Houve ainda uma exposição sobre o Projeto Rastreamento e Monitoramento de Agrotóxicos. O Rama foi criado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e visa fazer uma seleção consciente de seus fornecedores para promoção e comercialização de produtos hortifrutigranjeiros com maior controle de qualidade. Foi exibido um trecho do filme “O veneno está na mesa II”, do cineasta Sílvio Tendler. A presidente do Comitê Gestor de Agrotóxicos, promotora Alessandra Melo Silva, apresentou relatório sobre o monitoramento e ação integrada de fiscalização com análise de resíduos de agrotóxicos dos hortifrútis comercializados na Ceasa em Goiânia.
O I Encontro Produção Segura de Hortifrúti de Goiás teve a coordenação e realização da Ceasa e Ministério Público (MP-GO) e o apoio da Agrodefesa, Emater, Embrapa, SUS/Susiva, Visa, MAPA/Lanaegro, UFG, Crea-GO, Saneago, Agos e Ministério da Agricultura em Goiás. Compareceram os presidentes da Emater-GO, Pedro Arraes; da Agrodefesa, Arthur Toledo; do superintendente Federal da Agricultura, Francisco Carlos de Assis; do Crea-GO, Francisco de Almeida.