Pets também são fumantes passivos

Data: 28/05/2015

Fonte/Veículo: Jornal O Hoje

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Cigarro pode afetar a saúde de pequenos animais que vivem perto de quem fuma

FLÁVIA POPOV

Vilma Ferreira diz que pets fumantes passivos podem ter a saúde afetada pelos danos do cigarro  (Selma Cândida)

Vilma Ferreira diz que pets fumantes passivos podem ter a saúde afetada pelos danos do cigarro (Selma Cândida)

 

No próximo dia 31 de maio, é comemorado o Dia Mundial sem Tabaco, data criada pela Organização Mundial da Saúde (ONU) devido ao crescimento do número de doenças relacionadas ao fumo, que causam males não só à saúde dos seres humanos, como também à dos bichinhos de estimação. “Em um cão fumante passivo, por exemplo, a consequência pode ser um câncer nas regiões nasal e paranasal, além de um aumento do risco de câncer de pulmão”, explica a médica veterinária Vilma Ferreira de Oliveira, oncologista clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás (UFG), com base em estudos da Universidade de Tufts, em Massachusetts, nos Estados Unidos.

Segundo a especialista, os primeiros sintomas observados em cães e gatos afetados pela fumaça do cigarro são semelhantes aos do homem quando o pulmão for o órgão afetado. “Febre, tosse e emagrecimento progressivo; esses animais também desenvolvem pneumonia com mais facilidade. Felinos com linfoma podem apresentar quadros de diarreia persistente, linfadenomegalia, emagrecimento progressivo, anemia anorexia, dentre outros. Também podem aparecer lesões cutâneas, que não cicatrizam, na região da face”, explica a veterinária Vilma, com quem o Essência conversou para saber mais sobre o assunto. Confira a entrevista!

 

Entrevista Vilma Ferreira

 

- Os males causados pelo cigarro podem atingir cães e gatos?

Cães e gatos, hoje, são membros da família, compartilham o mesmo ambiente familiar, e, se há fumantes, os males causados pelo tabagismo podem ocorrer de forma similar ao fumante passivo.

 

- Seriam os mesmos males causados aos humanos, ou os pets sofrem mais?

Acredito que os pets sofram mais, porque eles não têm a opção de escolher não compartilhar o mesmo ambiente.

 

- Os pets podem desenvolver doenças causadas pela fumaça de cigarro? Há outras consequências?

Estudos realizados nos Estados Unidos e publicados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), em março de 2014, demonstraram que gatos que vivem em uma casa, onde apenas uma pessoa fuma, têm duas vezes mais chance de desenvolver linfoma quando comparados aos que convivem em um ambiente de não fumantes. Esse crédito, antes, era atribuído ao vírus da leucemia felina somente. Cães, quando fumantes passivos – segundo Tufts College of Veterinary Medicine –, estão suscetíveis a câncer nas regiões nasal e paranasal, além de um aumento do risco de câncer de pulmão. Existe, ainda, o risco de esses animais de estimação ingerirem pontas de cigarros descartados e sofrerem envenenamento por nicotina, potencialmente fatal.

 

- É necessária uma convivência intensa para que estes males sejam absorvidos pelos pets ou independe de prazo para que apareça algum problema?

Deve-se levar em conta que o tempo de vida de um cão ou gato é diferente do homem, logo a convivência é sempre intensa já que o tempo de vida é mais curto.

 

- Existe idade ou raça mais propensa para doenças causadas pela fumaça do cigarro? Pets mais velhos devem passar por exames específicos? Eles correm mais riscos?

Quando o assunto são os malefícios causados pelo tabagismo, animais idosos estão mais propensos, ficam mais sedentários com a idade avançada e, com isso, mais expostos. Não há relatos de predisposição racial. Proprietários fumantes devem levar seus pets para exames periódicos com mais frequência do que aqueles não fumantes.

 

- Os pets correm risco de morte ao conviver passivamente com fumantes ativos?

Em maior grau do que aqueles que convivem em um ambiente não fumante.

 

- Quais seriam as suas recomendações aos tutores fumantes ativos? Como minimizar danos à saúde dos pequenos animais?

Não divida o seu momento fumante com o seu pet, se o ama. Se você fuma dentro de casa, seu cãozinho e/ou gato não compartilharão do aconchego do lar – o que é uma pena! Se você acha que não consegue parar de fumar, lembre-se de que os fumantes passivos da sua casa estão muito mais expostos aos riscos dos danos causados pelo seu vício, como o câncer. Para cães e gatos, bituca de cigarro é brinquedo que mata!

  

Cigarro mata milhões precocemente

O Brasil tem 35 milhões de fumantes, e 80 mil pessoas morrem precocemente, todos os anos, por causa do cigarro. Segundo estudos internacionais, o tabaco mata um em cada dois usuários. Além de provocar inúmeras doenças, como o câncer, o fumo aumenta em até 300% o risco de um ataque cardíaco. Por isso, o tabaco é o principal fator de risco evitável para as doenças cardiovasculares.

Segundo o cardiologista Roberto Cândia, que integra o Corpo Clínico do Laboratório Atalaia, não existem níveis seguros para o consumo de alcatrão, monóxido de carbono e nicotina. “Não há diferença nos riscos à saúde, dentre as diferentes marcas de cigarro, nem entre os supostos cigarros com alto e baixo teor de nicotina. A proibição total e abrangente, como a Lei Antifumo aprovada em 2010, pode contribuir para a redução do consumo de tabaco e evitar também os efeitos do fumo passivo”, analisa.

O especialista alerta que o cigarro não é só uma preocupação dos adultos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é uma doença pediátrica, pois quase 90% dos fumantes regulares começam a fumar antes dos 18 anos de idade. “Além disso, o fumante passivo, ou seja, aquele que não fuma, mas está próximo de um fumante, tem contato direto com 30 substâncias cancerígenas, presentes na fumaça do cigarro. O fumo passivo é responsável por 40% dos infartos, matando seis pessoas por dia, no Brasil, e causando, ainda, 30% de cânceres de pulmão, dentre outras doenças” reforça.

Para o cardiologista, nunca é tarde para parar de fumar, já que vemos as reações benéficas no corpo rapidamente. “Após 20 minutos sem fumar, a pressão sanguínea e pulsação voltam ao normal. Após oito horas, o nível de oxigênio se normaliza. Após três semanas, a respiração fica mais fácil e a circulação melhora. Após cinco a dez anos, o risco de sofrer infarto será próximo ao de uma pessoa que nunca fumou”, conclui o médico.

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