Planetário é opção não só de lazer, mas de conhecimento

Data da notícia: 07/01/2017

Veículo/Fonte: O Hoje

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O homem sempre olhou para o céu e tentou descobrir o funcionamento do Universo. O brilho do Sol e seu deslocamento em relação ao horizonte, o movimento dos planetas, a galáxia, entre outros fatos astronômicos, fazem parte da curiosidade humana, assim como a possibilidade de existirem seres extraterrestres, os ETs, algo ainda presente nas mais aventureiras fantasias de crianças e adultos. A curiosidade intelectual da Astronomia, uma das ciências mais antigas, foi responsável por descobertas importantes em todos os aspectos da vida dos humanos. 

E para quem não é cientista, mas alimenta uma vontade de conhecer a natureza do cosmos ou futuramente trabalhar no ramo astronômico pode deleitar os olhos para os chamados planetários. Em Goiânia, o Planetário da Universidade Federal de Goiás (UFG), localizado no Parque Mutirama, no Setor Central, coloca a capital entre as principais cidades do Brasil quando se fala no assunto. De terça a sábado, o local é aberto para as escolas que podem agendar visitas e levar os alunos para aprender fora da sala de aula. Aos domingos, o público em geral tem a oportunidade de participar das sessões que começam às 15h.

Com capacidade para 124 pessoas sentadas dentro da cúpula onde são projetadas imagens do universo inteiro, o Planetário da UFG foi inaugurado em 23 de outubro de 1970. De lá para cá, milhares de pessoas já passaram pelo local e puderam dar asas à imaginação e simularem visitas ao espaço, além de aprenderem muito. Um professor fica responsável por manusear a mesa de comando que controla o projetor Space Master, ótico mecânico, utilizado desde a inauguração do Planetário. Esse aparelho transmite imagens que são capazes de ser vistas a olho nu. 

O professor de Astronomia da UFG, Manoel Júnior, afirma que este projetor é melhor do que os mais modernos. “Ele é o equipamento mais antigo em funcionamento no Brasil. E o melhor para ser usado. Os modernos utilizam o sistema de pixels e quando mostram o céu não conseguem projetar direito, por exemplo, uma estrela. A imagem fica desfocada”, explica.

Manoel revela que é possível imitar o céu de qualquer lugar da terra no Planetário. “Se eu quiser saber como estará o céu de Paris daqui a cinco mil anos eu consigo ver. É uma chance que as pessoas têm de manter contato com um assunto importante, mas poucos goianienses conhecem o Planetário.

Em 2016, mais de 25 mil pessoas participaram das sessões que duram em média 40 minutos. Além de receber aulas da pós-graduação de Educação em Astronomia, um mestrado e um doutorado, o Planetário ministra um curso de astronomia para a comunidade. “Não é necessário pré-requisito e é gratuito”, afirma Manoel.

Mão de obra

O espaço onde está o Planetário também conta com um anfiteatro onde eventos são realizados. Contudo, segundo Manoel, a quantidade de eventos poderia ser maior, mas a estrutura ainda deixa a desejar. “Nossa vontade é transformá-lo em um lugar cultural e bastante frequentado por todos. Mas ainda estamos nos preparando para trazer mais novidades. Por exemplo, os telescópios serão instalados em locais fixos e assim possibilitarão que todos possam ter acesso a ele a qualquer momento. Hoje, não tem como isso ocorrer por que é preciso montar, ajustar e isso é demorado. Se alguém tropeçar e bater no aparelho, teremos que fazer tudo de novo. Então, é por isso que eles serão colocados em cúpulas diferentes e fixados”, justifica. 

A mão de obra ainda é pequena e dificulta o trabalho. “Temos três professores que cuidam daqui. Teremos um quarto colaborador que foi aprovado no último concurso da UFG. O objetivo também é criar um museu da ciência, mas falta um número maior de pessoal”, revela. 

“Goiânia é a capital dos planetários”, afirma União Astronômica Internacional 

O astrofísico, Nélio Sasaki, representante dos planetários brasileiros na União Astronômica Internacional (UAI) afirma que o goianiense precisa ver o Planetário da UFG não como um local de diversão, mas perceber o que há por traz e o trabalho desenvolvido. “A astronomia goiana cresceu e é um exemplo para o Brasil. Pela primeira vez temos um presidente do Centro-Oeste na Associação Brasileira de Planetários (ABP). Toda a diretoria da ABP está em Goiânia. Tudo o que é necessário ser resolvido sobre o assunto é feito na capital goiana”, afirma.

Evolução

Nélio conta que houve uma evolução da astronomia em Goiás desde que o Planetário foi criado. “O estado não tinha uma graduação em astronomia e, em 1996, o Brasil precisava ter uma base forte. Goiás, então, saiu na frente e começou a utilizar os professores de Geografia, Física, para ministrar aulas sobre o tema. Hoje, não é mais preciso sair do estado para estudar Astronomia”, conclui.

 Mais mágico que o cinema 

O jornalista João Damásio (25) conta que durante a infância fazia visitas ao Planetário da UFG. “Eu morava no interior, em Palmelo (GO), e a cada semestre, os professores organizavam uma excursão para visitar o planetário e, em seguida, levar a turma para o Mutirama. Era sempre perto das férias escolares”, revela. João explica que não ia por lazer, contudo, era impossível não se divertir. “Eu ia por conhecimento, isso era aproveitado em sala. Mas o que sobrava mesmo era a maravilha de entrar em um espaço com o planetário, mais mágico que o cinema”, ressalta.

Quando se mudou para Goiânia, já adulto, João voltou ao Planetário em outras oportunidades para ver experiência com outros olhos.  “Vindo do interior, era uma dupla viagem: ir para a capital e viajar no espaço do planetário.