Pesquisa da UFG desenvolve madeira e alimentos com resíduos de tomate

Cascas e sementes da fruta também podem ser usadas em fármacos, suplementos alimentares e barras de cereais

A indústria alimentícia é uma grande geradora de resíduos. Na fabricação do molho de tomate, por exemplo, sobram, ao final do processo, cascas e sementes. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) utilizam esse material para produzir barras de cereais, madeira, veículos para fármacos e cápsulas de nutracêuticos. O trabalho foi considerado o segundo melhor das Américas pelo Prêmio Novos Talentos para o Alimento Sustentável, iniciativa do Fórum do Futuro. Os processos e produtos já foram patenteados e devem chegar ao mercado em breve.

pesquisa, executada pelo doutorando em Química Lucas Oliveira Gomes e coordenada pelo professor do Instituto de Química (IQ) da UFG, Nelson Roberto Antoniosi Filho, reaproveita resíduos que têm um custo elevado de transporte e que são descartados ou utilizados para a alimentação de bovinos. “Os novos produtos desenvolvidos dão às cascas e sementes do tomate uma destinação mais adequada, aumentando consideravelmente os lucros das empresas e sendo uma opção mais sustentável”, explica.

No Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames) do IQ, os resíduos chegam na forma pastosa epassam por um processo de separação da casca e da semente. Segundo Nelson Antoniosi, as barras de cereais feitas dos resíduos têm um bom apelo da área fitness por conta do grande volume de fibras na casca ede proteínas na semente, além de ser uma opção sem glúten. O produto já foi submetido a testes de degustação e aprovado pelos participantes. “A barra não tem gosto de tomate e é produzida a um custo menor, pois dispensa a adição de aveia, que é cara e, muitas vezes, importada”, explica o professor.

Produção de madeira
Os mesmos resíduos também podem ser utilizados para produzir madeira, dos tipos MDP ou MDF, utilizada na indústria moveleira e de construção civil. De acordo com os pesquisadores, essa madeira tem resistência maior que o compensado comum porque a fibra do tomate faz com que a resina se molde bem e não deixa espaços para penetração de água. “Além de ser muito mais resistente que o compensado comum, a alternativa evita a derrubada de árvores para produção de madeira”, ressalta Nelson Antoniosi.

Fonte: Ascom UFG - 11/08/2017