Trabalho da UFG reabre Museu de Arte Contemporânea de Goiás

Contrarquitetura é resultado do processo criativo do professor Juliano Moraes. Abertura será nesta terça-feira (29/08)

Um trabalho que reconhece as estruturas vigentes, lida com elas e promete provocar suas bases: assim é Contrarquitetura, exposição que reabre o salão principal do Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC-GO) no dia 29 de agosto, terça-feira, às 20 horas. Assinada por Juliano Moraes, artista plástico e professor da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (UFG), a mostra conta com cerca de 80 obras, entre esculturas, pinturas e instalações, que postas em relação produzem um discurso de confronto a todo tipo de arquitetura social – das engenharias aos sistemas, das ordens às normalizações.

O professor passou os últimos cinco anos buscando referências diversas para criar Contrarquitetura. Caminhou pelas ruas de Goiânia, viajou Cerrado adentro, retomou leituras, se inspirou em outras artes, aproveitou debates travados no âmbito da Universidade e gerou o que chama de museu do excesso. Um espaço que exibe elementos disformes e sobras, onde não necessariamente há complementaridades, mas sim paradoxos. “Ora os objetos tensionam o valor das esculturas e o próprio museu como instituição, ora é esse lugar que dá legitimidade às peças como obra de arte”, comenta Juliano.

O eixo central da exposição se dá entorno de duas grandes esculturas: um cavalo e a estátua de um líder. Segundo o artista, essas peças representam as verticalidades do mundo, que merecem questionamento. “Parto da ideia de que há relações de forças entre linhas verticais e horizontais, sendo, metaforicamente, as primeiras relativas à lei e ao ordenamento das coisas e as segundas referentes à contra-lógica, ao baixo, ao esquecido, ao ermo”, apresenta.

Contrarquitetura tem um tom anárquico, mas não pretende ser um panfleto. A ideia é provocar reflexões. Sendo assim, outro elemento reivindicado pelo artista é a sombra e seus possíveis desdobramentos poéticos. “É um lugar de pausa, descanso ou de subversão. Surge como uma mancha no espaço e também como um material viscoso, libidinal, força de transformação”, afirma. Em seu trabalho, a sombra serve para ocultar e também para mudar a forma dos objetos, mas sempre é algo do porvir, um “infinito provável” a se vislumbrar. Na exposição, a sombra é também um convite a imaginar outras tramas para as narrativas humanas.

Retomada

Com curadoria de Gilmar Camilo, produção de Guilherme Wohlgemuth, ação educativa de Cayo Honorato e design gráfico de Maurício Mota, Contrarquitetura é uma iniciativa de Juliano Moraes, em parceria com o Museu de Arte Contemporânea de Goiás e com recursos da Lei Goyazes, da Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e do Governo de Goiás. A vernissage de abertura da mostra terá coquetel de Hermeto Bar e trilha sonora dos DJs Hugo Camargo e François Calil.

A exposição marca a retomada dos trabalhos no espaço, que vem passando por reformas desde o mês de junho, visando troca de piso e readequação da iluminação e dos itens de segurança. Também é um reencontro do artista com o lugar, uma vez que sua última individual, Ne-Uter (2001), foi realizada exatamente ali, quando o Museu ainda era parte do Centro Cultural Octo Marques, no Partenon Center, espaço historicamente constituído pelas artes plásticas em Goiás. A mostra fica aberta ao público até o dia 20 de outubro, de terça a sexta, das 9 às 17 horas, e aos sábados, domingos e feriados, das 11 às 17 horas.

Perfil

Juliano Moraes é graduado em Ciências Sociais pela UFG e mestre em Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília (UnB). É professor de Teoria e Processos da Arte Contemporânea desde 2010 e Artista Plástico desde 1989. Recebeu seu primeiro prêmio aos 18 anos, na 2ª. Bienal Nacional de Artes de Goiás, e ao longo de sua carreira participou da 3a. Bienal do Mercosul, Panorama da Arte Contemporânea de Brasília e Bienal das Américas. Expôs no MAM Rio de Janeiro, MAC São Paulo, Casa das Rosas/SP, Museu de Arte de Brasília. Na UFG, desenvolve pesquisa sobre arte e psicanálise e coordena o Programa de Artes Integradas (Frestas) e o Festival Experimental de Artes (Refluxo).

Fonte: Ascom UFG - 25/08/2017