Política de cotas da UFG deve ser estendida para restante do Brasil

Data: 13 de maio de 2015

Fonte/Veículo: Diário da Manhã

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Durante comemorações do dia 13 de maio, Secretaria de Igualdade Racial propõe ampliar número de alunos negros nos programas de pesquisa do País

Pesquisadores negros tentam estudar temas como rap ou imprensa negra, mas não conseguem

 

Beto Silva

A política de cotas proposta pelo Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás (UFG) para estudantes negros na pós-graduação deverá ser ampliada pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do governo federal e levado às demais universidades do País. A proposta de cotas será apresentada até junho.

A UFG antecipou a discussão nacional divulgada ontem a propósito das comemorações do dia 13 de maio e aprovou um mês antes a resolução para estabelecimento de cotas raciais e ações afirmativas para todos os programas de pós-graduação ‘stricto sensu’ da UFG.

Pelas regras da UFG, serão reservadas 20% das vagas oferecidas para pretos, pardos e indígenas. A minuta do documento foi elaborada por uma comissão de docentes. Conforme a universidade, a resolução já está em vigor e terá vigência nos próximos 10 anos.

A intenção da Sepir é que as instituições federais em todo o país aumentem o acesso desses alunos, como já deicidiu a UFG.

E com esta modificação, espera-se que seja ampliada também a quantidade de temas pesquisados. É um contrassenso o País ter dentre seus maiores pesquisadores e intelectuais um negro como o geógrafo Milton Santos, com obras publicadas em todo mundo, e não ter uma ação mais incisiva para a agregação dos negros, índios e pardos nas pós-graduações.

“É algo imprescindível para o País, tendo em vista que as políticas de ação afirmativa tendem a agregar valor. Quanto maior a diversidade, maior qualidade. Não só na esfera da correção da desigualdade, mas em função de melhorar a qualidade da pós-graduação”, diz o secretário de Políticas de Ações Afirmativas da Seppir, Ronaldo Barros.

Atualmente as cotas raciais para pós-graduação são aplicadas em alguns processos seletivos e em alguns departamentos de instituições de ensino. No Rio de Janeiro  existe também uma lei estadual (Lei 6.914/14) que estabelece que 12% das vagas de pós-graduação das universidades públicas do estado do Rio de Janeiro sejam destinadas a negros e indígenas.

 

ENSINO TÉCNICO

A proposta vai se basear na Lei de Cotas (Lei 12.711/12) da graduação, que estabelece que até 2016, 50% das vagas das universidades federais e das instituições federais de ensino técnico de nível médio devem ser reservadas a estudantes de escolas públicas. A lei também garante reserva de vagas para estudantes negros.

A Seppir irá propor também o fortalecimento de linhas de pesquisa voltadas para questões raciais, assim como dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros presentes em universidades federais e estaduais. “Na graduação temos um sistema unificado, coisa que não temos na pós-graduação”, explica Barros, referindo-se ao processo de seleção que varia de instituição para instituição. “Queremos encontrar formas de promover esse ingresso sem ferir a autonomia das instituições.”

A proposta, que está sendo discutida em um grupo de trabalho na Seppir, ainda será apresentada ao Ministério da Educação e outras áreas do governo para ser discutida antes de ser colocada em prática.Para Barros, a presença de estudantes negros na pós-graduação é baixa. “Se considerarmos que a população negra representa 53% da população e isso não se reflete nem na graduação nem na pós significa que tem uma grande riqueza que não está sendo valorizada”, diz. “Há uma necessidade não só de abrir vagas como abrir linhas de pesquisa para as relações étnico-raciais. O Brasil precisa conhecer melhor a sua realidade, já que esse grupo compõe a maioria absoluta da população.”