Uso de agrotóxicos é discutido no Fica

Data: 13 de agosto de 2015

Fonte/Veículo: Goiás Agora

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Data de publicação: 13 de agosto de 2015 - 17:09

 

Forum Ambiental_foto Flavio Isaac (6)

Durante o terceiro dia do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica), nesta quinta-feira, dia 13, foi travada uma discussão sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil, e o impacto nocivo ao ser humano e ao meio ambiente. O assunto, parte do Fórum Ambiental, reuniu interessados no debate, durante toda a manhã, no Convento do Rosário, na cidade de Goiás.

Últimos levantamentos apontam que no ano de 2012 foram utilizados no Brasil cerca de 249 toneladas de agrotóxicos de diferentes princípios ativos, inclusive versões que já foram banidas em países desenvolvidos como Suécia, Noruega e Dinamarca. Nos últimos dez anos, o uso da substância quase triplicou em solo nacional.

Um dos casos mais emblemáticos e prejudiciais à saúde humana foi registrado no município de Rio Verde, onde, em 2013, quando um avião pulverizou agrotóxicos sobre uma escola, intoxicando mais de 100 pessoas, em sua maioria crianças.

O professor do curso de Direito da Universidade Federal de Goiás, Cleuton Freitas, participou do debate apresentando a sua experiência na cobertura do caso de Rio Verde. “O agronegócio é a locomotiva do País, e atrelado ao seu desempenho vemos o aumento do uso de agrotóxicos, utilizados como forma de combater as pragas que atacam a lavoura. No entanto, esse veneno todo acaba contaminando tanto a produção quanto o solo, e posteriormente, o lençol freático. Encampamos hoje uma iniciativa que busca o fim dos agrotóxicos”, argumentou.

Para isso, há em curso hoje em dia o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos. Desde 2008, o Brasil ocupa a primeira colocação no ranking de países que mais usam agrotóxicos nas lavouras. Portanto, a sociedade civil organizada tem buscado articular medidas concretas que possibilitem a transformação da realidade atual da agricultura brasileira, por meio da criação de políticas públicas que induzam uma crescente redução no uso de agrotóxicos, e ainda promova a agricultura de base agroecológica, a orgânica.

O programa de erradicação do uso de agrotóxicos foi erguido sobre seis eixos que contemplam: o registro; controle, monitoramento e responsabilidade da cadeia produtiva; medidas econômicas e financeiras; desenvolvimento de alternativas; informação, participação e controle social e formação e capacitação de produtores rurais. A Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica conseguiu encaminhar o projeto para apreciação dos ministérios envolvidos, com a promessa de que seria feito o lançamento em três meses. No entanto, a proposta não avançou e há o receio de que ela possa ser arquivada caso a sociedade civil se desmobilize.

Danos reais

A lavradora de Itaberaí, Ivonilde de Almeida, convidada a participar do Fórum, compartilhou sua experiência com o uso direto de agrotóxicos enquanto se dedicava ao cultivo de tomate e eucalipto. “Sou de uma comunidade rural de assentados. Conseguimos fazer um acordo com um fazendeiro que nos permitiu plantar milho em suas terras, em troca de o ajudarmos no cultivo do eucalipto e do tomate. No entanto, em suas plantações sempre havia a pulverização de agrotóxico, seja por avião ou por trator, e nós lavradores nunca recebemos um equipamento de proteção sequer”, alega.

Tento contato direto com o agrotóxico, Ivonilde acabou sendo diagnosticada com câncer de pele e está em tratamento. “Tenho notícias de outros lavradores que também passam pelo mesmo drama, faço o tratamento por conta própria pois o fazendeiro em nada nos ajuda”, completa. Hoje, Ivonilde buscou ajuda para abolir de vez o uso de agrotóxicos na sua lavoura. “Tenho o privilégio de cultivar produtos orgânicos, que não agridem a saúde da minha família, nem prejudicam o meio ambiente. Ainda tenho uma batalha a vencer, mas estou mais preparada para isso”, finalizou.