Começa hoje o II Festival Fronteira

Data: 20 de agosto de 2015

Fonte/Veículo: O Hoje

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Mais de 100 filmes inéditos no Brasil serão exibidos durante a segunda edição do Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental em Goiânia

20-08-2015 00:00

Ao longo de dez dias – de 20 a 29 de agosto –, Goiânia volta a receber o Fronteira, o Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental, que chega à sua segunda edição neste ano, para experimentar um programa ainda mais eletrizante. São 11 mostras, entre competitivas internacionais, retrospectivas e mostras especiais, que incluem debates e sessões comentadas, com convidados vindos de várias partes do mundo. São 110 filmes exibidos em Goiânia, em sua maioria inéditos no Brasil: Bruce Baillie e a Canyon Cinema em 16mm em cópias únicas e restauradas (James Broughton, Stan Brackage, Robert Nelson, Paul Sharitis, Larry Gottheim, Bill Brand, Petter Hutton, Eve Heller, Nathaniel Dorsky ao ar livre); Sylvain George em perspectiva e diálogo, presente pela primeira vez no Brasil; Lewis Klahr, Leo Pyrata, Gianikim & Lucci, os cineastas na fronteira; a abertura com Raul Perrone; Kurt Walker, Pierre Léon, Robert Todd, Thom Andersen, como as exibições especiais. Martins Muniz na Cadmus e o Dragão, em Transgressões Queer; a Underground Mines vindo do Canadá com Oona Mosna; O que é o real?, vindo de Paris, e a Futuro Agora e a Esplendor do Mundo ou a Política da Beleza. Acontecem ainda, a Estado Crítico – Residência de Crítica de Cinema, o workshop Montagem Cinematográfica e a master class intitulada Memória que Queima.

A difusão e a reflexão do cinema documental, experimental e de todo aquele que desafia os limites da linguagem, do gênero, tomando o cinema sob novos modos de percepção e apreensão do mundo e do homem, são objetivos do Fronteira.

Neste ano, sessões ar livre, céu estrelado e caminhadas somam-se à experiência da sala escura. Mas o festival continua arraigado na defesa e na valorização das salas de cinema públicas e de rua. O público poderá conferir exibições em Digital Cinema Package ( DCP), 35mm e 16mm, esforço que o festival faz para trazer para Goiânia não só a liberdade possível das variantes da linguagem, como também a potência de diferentes tecnologias de fruição cinematográfica.

O festival ocupa o Centro da cidade, circulando entre as principais salas de cinema públicas da capital, o Cine Goiânia Ouro e o Cine Cultura. Com a Praça Cívica em reforma, apenas uma sessão será realizada no Cine Cultura, em 29 de agosto, último dia do festival. Todas as demais exibições do festival acontecem no Cine Goiânia Ouro, localizado na Rua 3, dentro do Centro Cultural Goiânia Ouro, que tem um Café, um Teatro e um lindo Beco ao ar livre, espaços que serão utilizados para as ações do evento.

O II Fronteira é realizado pela Barroca e co-realizado pela UFG por meio do Frestas – Programa de Artes Integradas (apoio do Proext MEC/SESu). Tem apoio institucional do Governo de Goiás,  pela Secretaria da Educação, Cultura e Esporte de Goiás, por meio da Lei Goyazes. Conta com a parceria da Prefeitura de Goiânia, da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia, do Centro Cultural Goiânia Ouro, do Sesc Centro e do Cine Cultura – sala Eduardo Benfica. O apoio da Cinemateca da Embaixada da França, do Institut Français e a colaboração de Balaio Produções Culturais também são fundamentais para realização desta nova edição.

Abertura

O II Fronteira dá início às suas atividades, nesta quinta-feira (20), no Cine Goiânia Ouro. Para abrir o festival, foram selecionados dois destaques do cinema na atualidade: Ragazzi, do argentino Raul Perrone, e Hit 2 Pass, do canandense Kurt Walker, que será exibido fora de competição.

Referência do cinema underground argentino, com mais de 30 filmes no currículo, Perrone explora em Ragazzi, que estreia no Brasil durante o II Fronteira, os últimos momentos do escritor e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. O filme é dividido em duas fases. A primeira se dá em Ituzaingó, distrito de Buenos Aires, e aborda de forma poética a trágica morte de Pasolini em Roma. A segunda é vivida em Córdoba, e mostra o momento de lazer e prazer de um grupo de jovens carroceiros. Filmado em preto e branco, e explorando alguns textos de Pasolini, Ragazzi combina habilmente vários recursos audiovisuais.

Exibido pela primeira vez na América Latina,  Hit 2 Pass é uma viagem reflexiva a um canto remoto do Canadá, que explora a diferença entre a emoção imaterial dos videogames e a complexidade da vida. Um grupo de amigos viaja para participar de um ‘hit’, espécie de competição de stock-car. A velocidade dos carros é irrelevante. O que conta é a humanidade da pista e o mundo marginal de jovens, confrontados com a inevitabilidade da vida adulta. Hit 2 Pass recebeu o Prêmio Universidades de Melhor Longa-Metragem da Competição Internacional no DocLisboa em outubro de 2014.

Exibições especiais

Além das 11 mostras, o II Fronteira traz em sua programação quatro produções que representam o melhor do cinema independente e experimental. Entre os filmes selecionados, estão o curta-metragem Exquisite Corpus, novo filme do austríaco Peter Tscherkassky, um dos mais importantes e emblemáticos cineastas experimentais da atualidade. O filme teve sua estreia em maio desse ano no Festival de Cannes.

Phantom Power, o mais recente filme de Pierre Leon, teve sua estreia no DocLisboa 2014. O curta é uma belíssima e inclassificável obra sobre memória e biografia, e também sobre o cinema. A Viennale apresentou-o como um trabalho composto em intervalos irregulares, oscilante “entre filme de família experimental e mise en scène teatral, material de arquivo e montagens documentais”, “uma série poética de fragmentos cinematográficos”, com música popular russa, canções de Ingrid Caven, encenação de pequenas cenas, uma montagem de excertos de filmes de Fritz Lang, motivada pelos muitos e importantes planos de mãos nos seus filmes.

O novo e esperado filme do cineasta americano Thom Andersen, um dos maiores conhecedores e teóricos do cinema contemporâneo, The Thought’s That Once We Had é uma jornada através da história cinematográfica,  magistralmente editada, que se move ao longo de diferentes décadas e gêneros. Grande realizador de filmes experimentais, Andersen traz em sua filmografia obras-primas como Los Angeles Plays Itself (2003), clássico moderno, classificado entre os melhores documentários de todos os tempos, e Red Hollywood, realizado em parceria com Noel Burch.

Psychic Driving, do artista, cineasta e escritor americano William E. Jones, lida com experimentos sujeitos involuntários, envolvendo drogas alucinógenas e doses maciças de eletrochoque. O psiquiatra responsável, Ewen Cameron, tratou os pacientes em três fases – terapia do sono, condução psíquica, e desconstrução de padrões – para destruir personalidades deprimidas e construí-las novamente, com financiamento da CIA. O material de origem de PsychicDriving é uma fita VHS gravada a partir de um programa televisivo de 1979, única cópia existente nos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos. A degradação da fita inspirou a animação quadro-a-quadro, envolvendo centenas de passagens de filtros no Photoshop. (Com assessoria)

SERVIÇO

II Fronteira – Festival do Filme Documentário e Experimental (www.fronteirafestival.com)

Quando: De 20 a 29 de agosto

Onde: Centro Cultural Goiânia Ouro e Cine Cultura (Sala Eduardo Benfica)

Atividades de formação: Sesc Centro

Entrada franca