Vilanovense tem dor na consciência e manda mãe devolver bandeira sumida

Data: 06/11/15

Veículo: O Popular

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Resgate da relíquia foi feito sob condição de anonimato em um hotel do Setor Oeste

06/11/2015 20:54 Benedito Braga

Pablo foi encarregado de resgatar a bandeira para o amigo de Brasília

 

O sol do Cerrado ainda nem havia se exibido com o esplendor de sempre quando, às 8h desta sexta-feira, um encontro detalhadamente combinado num hotel do Setor Oeste encerrou a angústia de Narinho Costa, morador de Brasília e torcedor do Brasil (RS). Na noite de Finados, poucos antes de ver seu time ser eliminado pelo Vila Nova nos pênaltis, o gaúcho teve a bandeira de estimação arrancada da arquibancada por um grupo de vilanovenses no Serra Dourada. O sumiço do trapo, um amuleto que lhe acompanha em viagens mundo afora há mais de 10 anos, doía mais que a perda em campo.

Ao tomar conhecimento do sofrimento do xavante em reportagem de O POPULAR, o portador da bandeira se meteu em dores de consciência. Então, abriu um negociação com amigos de Narinho no Facebook para, horas depois, sinalizar o endereço para a devolução.Detalhe: coube a mãe do rapaz a tarefa de restituir a relíquia ao dono.

- Não foi meu filho quem pegou. Estava com um amigo dele, viu? - advertiu, zelosa da reputação do filho, a mãe do vilanovense a Pablo Lisboa, professor da Universidade Federal de Goiás e fundador do núcleo "Xavantes de Goiás", a Xagô, a quem Narinho confiou o resgate da bandeira. Ambos trocaram beijos na bochecha.

- Vou torcer para vocês contra o Londrina! - ainda gritou Pablo, ao se despedir.

O pedido de anonimato, a discrição na entrega e o cuidado da mãe refletem o temor de que uma traquinagem típica de estádio de futebol possa ser enquadrada como furto, gerando embaraço com a polícia. Apesar de todo o resguardo, o vilanovense afirma que foi outro amigo quem, saltando do anel inferior, arrancou a bandeira fixada pelo peso de dois copos de cerveja no parapeito do setor de cadeiras do Serra. Depois disto, o pavilhão foi pisoteado e serviu para alimentar a festa da vitória do ônibus. Pablo não quis fazer conjecturas de onde, em que parte do corpo, a bandeira possa ter passado neste júbilo coletivo dos torcedores do Vila. Mas foi resgatada em razoável estado de conservação.

- A bandeira está suja, mas não duvido que seja dos tempos do Narinho - admite Pablo.

De Brasília, Narinho acompanhou de olhos marejados o aúdio (ouça abaixo) no qual Pablo noticia a bem sucedida operação de resgate. Virá a Goiânia na semana que vem, munido de carvão e costela gorda, para assinalar o reencontro com um autêntico churrasco gaúcho.

- Obrigado ao POPULAR, que fez uma reportagem que emocionou a todos e sensibilizou a torcida do Vila, e aos meus amigos, que se empenharam até este final feliz.

Narinho não quis comentar se, a partir deste trauma, a relíquia continuará a lhe acompanhar mundo afora ou ficará acomodada num altar.