Câmpus Samambaia debate Política de Segurança da UFG

Data: 23 de novembro de 2015

Fonte/Veículo: Adufg

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Autor : Angélica Queiroz

Fonte : Ascom UFG -

Último a receber a série de audiências públicas realizadas para discutir a segurança na Universidade, o Câmpus Samambaia reuniu, nesta quinta-feira (19/11), professores, estudantes, servidores técnico-administrativos, representantes da segurança pública e comunidade em debate sobre alternativas para a construção da Política de Segurança da UFG. O ponto de partida para a discussão, assim como nas outras reuniões, foi a apresentação dos resultados da pesquisa Violências, conflitos e crimes: subsídios para a formulação da política de segurança da UFG, realizada pela equipe do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi), da Faculdade de Ciências Sociais da UFG.

Michele Franco, uma das responsáveis pela pesquisa do Necrivi, contou que o trabalho levou em conta a ampliação da UFG, com o REUNI, e comparou dados de antes e depois para avaliar o impacto desse crescimento, concluindo que o aumento da violência não foi significativo. Segundo a pesquisadora, o maior achado da pesquisa foi a conclusão de que a Universidade e a Secretaria de Segurança Pública precisam melhorar a organização dos dados sobre violência, já que muitos casos ainda não são notificados ou são notificados em mais de um órgão, o que pode fazer com que os números não reflitam, necessariamente, a realidade, dificultando o trabalho dos pesquisadores.

A pesquisa mostrou, entre outros fatos, que a sensação de insegurança está mais ligada à infraestrutura da Universidade do que a ocorrência de crimes propriamente. Em todas as regionais, estacionamentos, pontos de ônibus e o bosque do Câmpus Samambaia foram os locais mais citados pelos entrevistados como considerados perigosos. Foi feito, ainda, um levantamento do que já aconteceu em outras universidades do Brasil e de como elas lidam com casos de violência, para embasar a discussão aqui.

Possibilidade da presença da polícia militar na Universidade foi um dos pontos mais polêmicos do debate

Segundo o professor da Faculdade de Ciências Sociais, Francisco Tavares, não há uma política de segurança permanente em nenhuma das universidades estudadas pela pesquisa do Necrivi.  “A UFG pode ser a primeira universidade pública a ter uma política formulada em conjunto com a comunidade acadêmica. Essa é a nossa responsabilidade história, que não é pequena”, ressaltou o docente. Segundo ele, os espaços pouco ocupados ou desassistidos foram sempre lembrados como inseguros e que, então, ocupar os espaços pode ser uma possível solução.

O professor falou ainda da presença da polícia militar nas universidades, um dos assuntos mais polêmicos em todas as audiências. Ele deu exemplos de universidades que adotaram o policiamento ostensivo em seus câmpus, ressaltando que, nos casos estudados, essa presença não impactou significativamente na incidência criminal. “Muitas vezes medidas simples como controle de acesso ou melhoria na iluminação podem gerar muito mais resultados do que a hipermilitarização dos espaços universitários”, opinou.

Professor Francisco Tavares apresentou forma como diversas universidades do país lidam coma violência em suas dependências

Debate com a comunidade

Quem acompanhou a audiência pôde opinar e fazer propostas, por meio da fala ou encaminhando por escrito à mesa. A reunião, assim como as outras, foi gravada para coletar todos os subsídios, que devem ser organizados e apresentados pela comissão responsável ao Conselho Universitário, para embasar novas atividades e a construção de uma Política de Segurança para a UFG.

Vice-reitor da UFG, Manoel Chaves, aproveitou o momento para fazer um esclarecimento sobre a presença da polícia na Universidade. Segundo ele, não existe nenhum acordo formal que proíba a polícia de entrar nos câmpus, como muitos pensam. “Isso é um mito”, elucidou. Segundo ele é preciso avançar no debate e na relação da UFG com a segurança pública, “para que possamos estabelecer ações integradas que melhorem a qualidade do atendimento à comunidade acadêmica”.

Marcelo de Deus, representante do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Itatiaia, defendeu a presença da Polícia Militar. “O pessoal bate muito pesado na PM”, pontuou. Ele citou alguns problemas da região, como a falta de iluminação, e colocou o Conseg à disposição da UFG para futuros projetos e parcerias.

Servidora da Pró-reitoria de Assuntos da Comunidade Acadêmica (Procom), Patrícia Amorim, elogiou o espaço de discussão e defendeu que seja criado um mecanismo de capilarização do debate. “Essa discussão precisa ir para dentro das salas de aula para que essa construção coletiva seja mais bem-sucedida”, afirmou.

Coordenador da pesquisa do Necrivi, Djaci David de Oliveira, destacou que devem ser feitas novas rodadas de discussões e que é preciso melhorar o sistema de diagnóstico da Universidade. “A comunidade não sabe a quem recorrer. Precisamos melhorar a informação e conhecer melhor quais são os nossos problemas. Quando a gente tiver isso claro, vamos poder pensar para saber o que a gente realmente deve fazer. Temos que melhorar a segurança, mas não precisamos de metralhadoras. Devemos ter cuidado para não tomar medidas desproporcionais à nossa realidade”, concluiu.