Casos sob investigação sobem para 11 e há poucas certezas

Data: 03/12/15

Veículo: O Popular

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Três casos podem ter relação com zika vírus; os demais teriam outras causas, segundo secretaria estadual. Problema preocupa profissionais de saúde

 

03/12/2015 06:01Fotos Públicas

 

Muito pouco se sabe sobre a microcefalia provocada pelo zika vírus, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) já admite a conexão entre a doença e a má-formação congênita, o que deixou o País em alerta. O Ministério da Saúde (MS) registrou 1.248 casos de microcefalia até 28 de novembro em 14 Estados. Em Goiás, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) investiga 11 casos informados nas últimas duas semanas; dois foram notificados ontem à tarde em Goiânia. Eles nasceram na Maternidade Dona Iris e já fizeram os primeiros exames no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), informou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Flúvia Amorim.

A SES suspeita que em três bebês nascidos em Rio Verde, Montividiu e Pirenópolis a microcefalia pode ter sido causada pelo vírus zika. As causas dos outros oito casos de microcefalia estão sendo investigadas, mas a SES descartou a relação destes casos com o zika.

Um bebê é filho de um casal de Aparecida de Goiânia, mas nasceu na capital; sete são de Goiânia. Destes, a SES constatou que dois têm microcefalia decorrente de má-formação congênita e os demais, outras complicações. Em 2014, o Estado registrou apenas três casos de microcefalia.

Não há registros oficiais de febre zika em Goiás, o que não quer dizer que a doença não tenha chegado ao Estado, segundo o médico epidemiologista João Bosco Siqueira Júnior, professor de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (UFG). “Certamente a doença pode ter ocorrido sem que haja registros”, afirma. Os sintomas da febre zika são semelhantes aos da dengue - febre, manchas pelo corpo e dores nas articulações (veja quadro ao lado) - mas são menos intensos e podem até passar despercebidos. A doença é diagnosticada em exame clínico e, segundo Siqueira Júnior, muitos médicos relataram casos diferentes de dengue no ano passado, que poderiam não ser dengue, mas febre zika.

A relação entre a febre zika e a microcefalia é inédita no mundo, mas já deve ter ocorrido, na opinião do médico. Ele acredita que provavelmente na África, onde o vírus surgiu pela primeira vez, pode haver casos de microcefalia provocados pela doença. Como o continente não conta com estrutura de vigilância sanitária adequada, a relação entre a doença e a má-formação do cérebro em fetos pode ter passado despercebida.

Apuração

As investigações sobre as causas da microcefalia no Brasil começaram há dois meses - a partir do aumento dos casos no Nordeste - e sustentam a conexão que a OMS faz entre a má-formação e a febre zika. Até agora só se sabe que a doença representa risco para o bebê quando a mãe é contaminada no primeiro trimestre de gestação. Mas nem esta constatação é certa, observa o médico infectologista Boaventura Braz. “O risco pode se estender até meados do segundo trimestre.”

Siquera Júnior mostra preocupação: “Se aconteceu um surto no Nordeste, vai ocorrer aqui e em outros Estados”. Segundo ele, quem movimenta o vírus é a pessoa contaminada que transitam de um local para outro.

O que são microcefalia e zika vírus

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