Quem faz parte das ocupações

Data: 15 de dezembro de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

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Oito escolas foram ocupadas por grupos compostos por alunos, professores, coletivos e partidos políticos

 

As ocupações nas escolas estaduais goianas, que ontem atingiam oito unidades, contam com membros de diversos coletivos (associação de pessoas com objetivos comuns), de partidos de esquerda e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), com apoio do movimento universitário e de professores. Representantes do movimento admitem que há também apoio de pessoas de outros Estados na ação, conforme informação veiculada em nota da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), divulgada no sábado.

Diante da onda de ocupações, o governo do Estado entrou ontem na Justiça com ação de reintegração de posse (veja reportagem abaixo) e aguarda decisões liminares para desocupação das unidades. As ações dos estudantes repetem um processo que começou em São Paulo em novembro, quando foi iniciado o processo de ocupação de unidades de ensino do Estado em protesto contra o fechamento de escolas. Na ocasião, estudantes e professores goianos promoviam manifestações contra o projeto do governo que prevê administração de escolas estaduais por Organizações Sociais (OSs).

No dia 19 do mês passado, a maior escola de São Paulo, a Escola Estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, na zona norte da capital paulista foi ocupada. Segundo os manifestantes goianos, foi então que surgiu a ideia de se fazer o mesmo em Goiás, ação planejada ao longo de quase um mês. A primeira opção de escola a ser ocupada foi o Colégio Estadual de Período Integral Lyceu, o mais tradicional do Estado e também onde estuda a maior parte dos estudantes que organizavam o movimento contra as OSs. A ideia era realizar a ocupação ainda em novembro, mas a indefinição de como fazer e o tempo curto foi modificando as ações. As discussões eram feitas em paralelo entre os movimentos estudantil e de professores.

Surgiu, então, a ideia de ocupar o Colégio Estadual José Carlos de Almeida, no Centro, que seria a opção mais fácil e viável, visto que o local estava fechado há mais de um ano e abandonado. Somava-se à pauta contra as OSs, a reivindicação de volta do funcionamento da escola.

A decisão final sobre a ação coube aos estudantes vinculados à Juventude Comunista Avançando (JCA), grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), que mobilizou gente suficiente para a primeira ocupação. Não há, no entanto, uma liderança da JCA, tendo as ocupações representantes de diversos grupos, partidos, alunos e professores.

Restrições

O que se diz nas ocupações, no entanto, é que as assembleias que definem o futuro de cada ocupação só têm a participação dos estudantes secundaristas. “No início tivemos a ajuda dos universitários, que ensinaram como devemos fazer as assembleias e mobilizar outros estudantes”, diz um estudante. Professores e universitários teriam, portanto, um papel secundário, segundo os manifestantes, mas fazem parte de comissões, que são as divisões para executarem tarefas, como segurança, limpeza, alimentação e outros.

Sobre os estudantes universitários, o principal apoio vem das faculdades de educação da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Universidade Federal de Goiás (UFG). Na ocupação do IEG houve forte influência dos estudantes da UEG, que também utilizam o prédio. Há comunicação entre os alunos, que compartilham as doações e informações. A cobertura das ocupações é divulgada nas redes sociais, especialmente no perfil Secundaristas em Luta-GO.