Manifestantes cobram assistência do poder público

23 de janeiro de 2016

Fonte: O Popular

Link da matéria: http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/manifestantes-cobram-assist%C3%AAncia-do-poder-p%C3%BAblico-1.1026935

 

Prefeitura começa a recompor diques. Pesquisadora diz que culpa por alagamentos não é da chuva e sim de gestores

 

A população atingida pela maior enchente em número de desalojados de Goiânia saiu às ruas ontem para manifestar. Dezenas de pessoas fecharam duas avenidas na Vila São José. Uma das principais reivindicações era a recomposição do dique rompido no Córrego Cascavel, mostrado em reportagem do POPULAR na edição de ontem. No fim da tarde, a Prefeitura atendeu o pedido, iniciando os reparos.

Os protestos começaram pouco depois do meio-dia. Os manifestantes fecharam a Avenida Mato Grosso, que liga a Vila São José ao Setor Perim. Eles atearam fogo em galhos e entulhos retirados das vias do bairro. Os integrantes do protesto também pediam a retirada de areia e detritos do Ribeirão Anicuns e do Córrego Cascavel, a limpeza completa das ruas alagadas e uma maior assistência por parte do poder público.

Na sequência, fecharam a ponte da Avenida São Clemente, uma das principais vias do bairro e que corta a área mais afetada pelos alagamentos. As duas vias fechadas fazem a ligação entre as Avenida Leste-Oeste e Perimetral Norte. O trânsito na região ficou tumultado.

O presidente da Associação Pró-Melhoramento da Vila São José, Welington Moreira, era um dos líderes do movimento. “Queremos sensibilizar as autoridades para a situação do Cascavel. O córrego está assoreado e, quando chegou aqui, estourou o dique. Queremos que seja feita a limpeza dele e o reparo da barreira de contenção.”

Por volta das 17 horas, os manifestantes chegaram a se reunir para fechar a Avenida Leste-Oeste. Representantes dos órgãos municipais prometeram solucionar o problema do dique e ampliar as ações de limpeza nas ruas. Cerca de uma hora depois, máquinas da Comurg e da Seinfra chegaram ao local e iniciaram os trabalhos.

De acordo com o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), Washington Ramalho, a recomposição da barreira em sete metros de largura e quase quatro metros de altura deve ser feita até esta manhã. Ele também informou que a Seinfra fará um reparo no dique da Vila Roriz, segundo maior ponto de alagamento.

“A barreira da Vila Roriz abaixou em torno de 80 centímetros. Terminando aqui, a gente vai para lá”, prometeu.

O dique ao longo do Córrego Cascavel foi construído em 2012. Washington nega que o rompimento ocorreu por falta de manutenção. Para ele, a causa maior foi o grande volume de chuvas. No entanto, o secretário diz fará uma avaliação da estrutura. Em relação à limpeza do leito do córrego, Washington diz não haver previsão.

Sobre a limpeza das ruas afetadas, o presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Edilberto Dias, diz que as equipes retiraram 840 toneladas de entulho nos dias após as enchentes. Também lavaram oito quilômetros de via. Mas admite que ainda há muito a ser feito.

“Estamos falando da maior enchente em quantidade de afetados. Não temos notícia de outro alagamento que atingiu tantas famílias, em tantas regiões, ao mesmo tempo”, justifica.

A proporção do alagamento é compartilhada pela geóloga climatologista Gislaine Luiz, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisadora dos pontos do tema na capital. “Foi uma chuva que teve a maior repercussão em termos de inundação e de perda”, diz. No entanto, ela afirma que a culpa pelos transtornos não é da chuva, e sim da falta de responsabilidade dos gestores que permitiram as ocupações irregulares ao longo dos anos.