Pais e alunos tentam negociar liberação de escola em Aparecida

Data: 27/01/2016

Veículo: O Popular

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27/01/2016 06:00 Mantovani Fernandes

Marcelo Ferreira: papel da secretaria é “acalmar os ânimos”

 

Do lado de fora do Colégio Villa Lobos, em Aparecida de Goiânia, onde houve encontro de pais de alunos, professores e manifestantes. A movimentação era acompanhada por quatro advogados ligados aos estudantes da ocupação, que os orientava sobre o que fazer. “Não falem com a imprensa; entrem para a escola”, ordenava a advogada Clarissa Machado.

Não se sabe quantas pessoas se encontravam dentro da escola naquele momento, mas além dos alunos havia professores municipais, da Universidade Federal de Goiás e da rede estadual. Segundo o professor municipal Marcos Alves Lopes, quando uma escola ocupada está ameaçada os apoiadores se reúnem nessa escola. Ele é um dos apoiadores do movimento.

O professor R., da rede estadual e que não quis se identificar com receio de ser criminalizado, explicou que está apoiando a ocupação porque acredita que as OSs vão prejudicar os alunos e também os professores da rede estadual. “Vão passar a gestão da escola para um empresário que vai retirar parte do dinheiro da escola, que já é pouco.” Antônio Elias, pai de um aluno que estuda no Villa Lobos, também estava na escola ocupada. Segundo ele, a comunidade precisa do colégio como está. “Com OS não vai melhorar”, afirma.

Uma professora da UFG propôs aos alunos uma semana de aulões de preparação para o Enem. “Vocês não querem estudar? Então vão ter aula com os melhores professores do Estado.” A declaração que soou como uma provocação aos professores do colégio que estavam no local e deu origem a um bate-boca. A professora Juliana Meireles argumentou que os professores da escola podem perder parte do salário. “Vamos receber apenas as 28 horas-aula e não as 42, que é o teto da rede estadual.”

Outro lado

Do lado de fora, os alunos e pais que buscavam a desocupação não estavam a salvos de influências. Além dos professores que eram contra a ocupação da escola, havia também os gestores da escola e representantes da Seduce. Todos reproduziam os mesmos argumentos: se a escola não abrir, vai perder o ano; a escola pode ser fechada por falta de aluno. A funcionária pública Enerilda Borges, que tem dois filhos estudando na escola, afirmou que “a ocupação da escola está prejudicando os filhos”. De vez em quando os dois grupos se encontravam e havia discussões acaloradas, pontuadas por vaias, aplausos e gritos de ordem.

No final da manhã, um grupo de alunos pró-desocupação entrou na escola e aceitou a proposta de se realizar hoje uma reunião aberta apenas a alunos e pais de alunos, sem a presença de professores e direção da escola. Os representantes da Seduce e o capitão Batista tentaram convencer os alunos pró-desocupação que o impedimento era injusto, mas não conseguiram alterar esse ponto do acordo. Segundo a aluna Fernanda Pinheiro, que ocupa a escola, nesta reunião serão listadas as reivindicações dos alunos e, caso a diretora Carlene Trindade assine o documento, os que ocupam a escola prometem sair pacificamente.

Segundo o subsecretário Marcelo Ferreira, da Seduce, o papel da secretaria nessas desocupações que estão ocorrendo é de acompanhar e tentar participar das negociações para acalmar os ânimos e evitar conflitos. No Villa Lobos, esse papel foi desempenhado pela subsecretária Idelma Oliveira, que em alguns momentos tentou intervir nas negociações diretamente.