Campo minado

 

Data: 27/01/2016

Veículo: O Popular

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Motoristas têm de contornar centenas de panelas e fugir de 21 crateras no trajeto com três pedágios até Minas Gerais. Para concessionária, chuva e má qualidade do asfalto atrapalhamA description...

 

27/01/2016 06:00 Marcello Dantas

 

Trafegar pela BR-153 e não cair em nenhum buraco é um desafio. Não são apenas as centenas das famosas “panelas” que chamam a atenção na estrada e, sim, as 21 crateras que se formaram ao longo do trecho entre Goiânia e Itumbiara, onde existem duas praças de pedágios instaladas. Por elas, passam diariamente 12 mil veículos.

A reportagem do POPULAR percorreu na última segunda-feira os 211 quilômetros de ida e volta no trecho e encontrou ao menos 600 buracos de todos os tipos, tamanhos e profundidades. Próximos a eles é possível observar ainda dezenas de restos de pneus estourados.

Para poder seguir pela BR-153, foram gastos R$ 20,40 em pedágios. Três veículos estavam quebrados em acostamentos. Em outros três pontos, as equipes da concessionária Triunfo Concebra, responsável pela via, realizavam operação de tapa-buraco. Na semana anterior, o trajeto da BR-060 entre Anápolis e a capital goiana também foi analisado.

Um dos piores trechos da viagem, segundo os motoristas, é o da região de Professor Jamil. Neste ponto, uma cratera está localizada no centro da pista com sentido Itumbiara a Goiânia, e exige ainda mais atenção. Os carros e carretas são obrigados a recorrer aos acostamentos dos dois lados para se esquivarem.

Na mesma região, dessa vez em direção a Itumbiara, um buraco está situado ao lado direito da pista no começo de uma curva. Alguns são pegos de surpresa e só conseguem desviar já em cima. Um motorista de caminhão por pouco não tombou quando, em alta velocidade, tentou contornar a fenda no asfalto. Um pouco mais adiante, já em Goiatuba com direção a Goiânia, em cerca de 60 metros existem 49 buracos do lado direito da pista, o que obriga os caminhões a virem para o outro lado e a competirem por espaço com outros veículos.

Queixas

Reclamação é o que não falta. Os caminhoneiros Fábio de Souza Lima e Márcio Franco da Silva trabalham para uma empresa de refrigerantes e passam diariamente por este trecho para carregar a carreta em Minas Gerais e descarregar ao longo do trajeto até Goiás. “Temos que ter atenção redobrada. A estrada está péssima. Com pedágio aqui, não pode estar nessa situação”, diz Fábio. “Temos que dar manutenção direto nas molas e amortecedores dos caminhões. Muitos pneus estouram também. Com esse tanto de chuva então, surgem mais buracos a cada dia. É perigoso principalmente de noite”, complementa Márcio.

O mecânico Juracino Pereira trabalha em um posto de combustíveis em Morrinhos e conta que chegam em média cinco carros por dia guinchados por seguradoras com pneus estourados. “Vou cinco vezes ao mês para Itumbiara comprar peças e também sofro. Só dá para andar do lado esquerdo da pista. Quando eles tapam um buraco de manhã, ele abre de novo de noite”, detalha.

Análise

Doutora em Geotecnia e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lilian Rezende ressalta que é preciso fazer manutenção ao longo do ano; durante o período chuvoso, só é possível realizar serviços emergenciais. Por meio das fotos tiradas pela reportagem durante o caminho, ela analisou alguns problemas da via. “Para saber a razão dos problemas, é preciso fazer um estudo, analisar os dados técnicos, mas com as imagens podemos ter algumas suspeitas. Em alguns pontos, observamos que a malha asfáltica não tem suportado o peso dos caminhões. Isso representa uma falha de revestimento. Além disso, existem pontos em que há uma suspeita de problemas de drenagem no acostamento que está estragando”, comenta. “O importante é que seja feita uma identificação criteriosa dos defeitos existentes e suas possíveis causas para que seja elaborado um projeto de restauração adequado para os trechos que apresentam problema”, completa.

 

Raio X da rodovia

Raio X da rodovia