Geografia na UNIFAL-MG: 10 anos de desafios e conquistas

Data: 04/06/2016

Fonte/Veículo: Diário Independente

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“Realidade, desafios e perspectivas para a próxima década” foi o tema escolhido para 4ª Jornada Científica da Geografia, que comemorou os 10 anos do curso na UNIFAL-MG com uma programação diversificada, entre os dias 30/05 e 02/06. 

Trabalhando os eixos Geoambiental, Geotecnologias, Socioespacial e Geografia e Ensino, a jornada contou com minicursos, oficinas, mesas-redondas e sessões de filmes e documentários com debate, que reuniram convidados da Universidade e de outras instituições para a troca de saberes sobre temas como: “Meio ambiente, sustentabilidade e paisagem: realidades, conceitos e aplicações”; “Geotecnologias: aplicações de análise espacial em estudos geográficos”; “Dimensões do espaço geográfico brasileiro e mineiro: território, saberes e conexões” e “Gênero, práticas espaciais e ensino de geografia”. Espaços para relatos de vivência também foram inseridos na programação, para que ex-professores, ex-coordenadores e atuais; além de discentes pudessem refletir sobre os 10 anos do curso.

“Nós acreditamos que um evento como esse tem múltiplas funções”, afirmou o coordenador do evento, Prof. Gil Carlos Silveira Porto, também coordenador do curso de Geografia – Licenciatura, em conversa com a Assessoria de Comunicação Social, ao explicar a importância da jornada e, em especial, esta edição que resgatou o que foi feito nesses 10 anos do curso e apresentou o desafio do que vem pela frente para professores e alunos. “É um resgate do que foi feito e é uma expectativa de criar um caminho mais interessante para formar geógrafos e professores da Geografia mais comprometidos com a sociedade. Então a jornada tem um aspecto que eu acho legal, que é uma tentativa de criar um diálogo entre o curso de Geografia e a UNIFAL-MG, com a comunidade onde o curso se insere”, disse.

Conforme Prof. Gil, a Comissão Organizadora incluiu uma mesa-redonda com a temática “A relação da UNIFAL-MG e do curso de Geografia com seu entorno”,  da qual foi convidada uma moradora do bairro Santa Clara, para falar da origem da comunidade e das atuais demandas com professores e discentes; e também a diretora de uma escola do bairro para compartilhar vivências. “Nós estaremos atentos a essas demandas que a sociedade coloca para a Universidade”,enfatizou.

O tempo, o espaço e o marco do encontro

A cerimônia de abertura foi realizada na segunda-feira, 30/05, no auditório Dr. João Leão de Faria, na sede, onde alunos, professores e convidados externos prestigiaram a comemoração dos 10 anos do curso, que se iniciou com a apresentação da aluna Jéssica Danielle Ferreira do Amaral, que chamou a atenção do público ao subir no palco declamando: “Eu sou os aspectos políticos, econômicos e culturais do espaço. Eu sou uma coisa chamada geoambiental. Eu quero minha territorialidade exposta. Eu quero a fotointerpretação das minhas veias. A hipocrisia exposta. Eu sou um ser geográfico”. Na sequência, a discente interpretou o poema “Linha Reta” de Fernando Pessoa, em uma postura crítica ao atual cenário político brasileiro.

O público também prestigiou a apresentação musical dos alunos Marina Rosa e Higor Mateus, que abrilhantaram o evento com interpretações, ao piano e voz, de músicas como “Nem um dia”, “Sozinho”, “Primavera”, “Paciência” e “Linda rosa”.

Na oportunidade, integraram a mesa de honra: a vice-reitora, Profa. Magali Benjamim de Araújo; o diretor do Instituto de Ciências da Natureza (ICN), Prof. Flamarion Dutra Alves; o coordenador do evento e do curso de Geografia – Licenciatura, Prof. Gil Carlos Silveira Porto; o representante do Colegiado do curso de Geografia – Bacharelado, Prof. Evânio dos Santos Branquinho; e a representante discente, Hanna Sayuri.

O coordenador da jornada, Prof. Gil abriu o evento falando do tempo, espaço e o marco que possibilitou o encontro. “Nós estamos aqui no auditório Leão de Faria da UNIFAL-MG, na cidade de Alfenas, no Sul de Minas Gerais, na região Sudeste, no Brasil, na América Latina, mais precisamente, nós estamos aqui na latitude de 21 graus, 25 minutos e 45 segundos, e numa longitude de 45 graus, latitude Sul, e na longitude de 45 graus, 56 minutos e 50 segundos a Oeste do Meridiano de Greenwich, mais precisamente numa altitude de aproximadamente 881 metros acima do nível do mar. Este é o espaço. O tempo: nós estamos num dia frio, procurando um lugar bom para ler um livro. Procurando um lugar legal para ouvir histórias das pessoas que leem os livros, então a 30 de maio de 2016 anos depois de Cristo e qual foi o marco que permitiu que nós, neste tempo e espaço ou espaço-tempo, nos encontrássemos? Foi uma resolução aprovada pelo Conselho da UNIFAL-MG no dia 20 de março de 2006. O Conselho então se reuniu e aprovou a criação do curso de Licenciatura em Geografia e o curso de Bacharelado em Geografia”,descreveu.

Em seguida, o professor Flamarion, diretor do ICN, enfatizou a formação dos estudantes do curso de Geografia da UNIFAL-MG, destacando o bom desempenho alcançado pelos alunos nas avaliações do Ministério da Educação.  “Ser professor do curso de Geografia, tanto na modalidade de Bacharelado como na Licenciatura, tem um peso muito grande na formação dos profissionais e do cidadão que sai aqui da nossa Universidade. Isto se reflete inclusive nas ótimas notas do curso no ENADE; nós tivemos notas 4 e 5, nas modalidades de Bacharelado e Licenciatura, respectivamente, então, isto é uma base sólida para a formação dos discentes que aqui escolhem estudar”, comentou.

A pró-reitora de Extensão, Profa. Eliane, elogiou a estrutura da jornada, bem como o tema central que reflete sobre a realidade, sobre os desafios e perspectivas.“Quando juntamos para fazer uma jornada nessa caminhada de alguns dias, onde se reúnem pessoas para discutir temas, colocar seus saberes, trocar suas experiências, é um momento riquíssimo para perceber, tanto a realidade quanto conquistarmos espaço para vencer esses desafios que temos pela frente”, frisou.

Ao relembrar os desafios que marcaram a implantação do curso e o empenho dos professores envolvidos no processo, a vice-reitora falou do compromisso de continuar trabalhando para que o curso mantenha o padrão de qualidade que o caracteriza atualmente. “Os desafios já vêm sendo vencidos e vão continuar existindo e, para nós, que estamos na liderança, melhor que tenhamos, porque desafio é motivação. Faz com que nosso dia a dia se torne muito mais saudável, porque nós temos que enfrentá-los. E o que vem pela frente, as perspectivas, é o compromisso de continuar tendo o curso, tanto de Licenciatura quanto de Bacharelado, da mesma qualidade que vem existindo até os dias de hoje”,afirmou Profa. Magali.

A geografia brasileira e latino-americana no começo do século XXI

A conferência que abriu o evento foi ministrada pelo professor Carlos Walter Porto Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que abordou “A geografia brasileira e latino-americana no começo do século XXI”.

Explicando sua opção por falar sobre a vertente da concepção de Geografia no mundo e não enquanto um campo de conhecimento dos profissionais da área, o palestrante ressaltou a importância de se falar do mundo, a partir da perspectiva da América Latina e do Brasil. “As pessoas às vezes acabam incorporando muito uma visão de mundo, aceitando, por exemplo, o conhecimento tal como ele é produzido. Geralmente, o conhecimento é produzido nas línguas conhecidas: inglês, francês, alemão e italiano. A nossa língua não é uma língua em circulação internacional, então aí já tem uma espécie de geopolítica que pela própria língua parece que nossa voz não é ouvida”, esclareceu em uma entrevista para a Assessoria de Comunicação Social.

De acordo com ele, o tema está voltado para a importância de se falar do mundo a partir do lugar onde estamos, a fim de oferecer outra leitura de mundo. “A minha fala é uma fala posicionada, eu quero ser criticado a partir dela. Mas eu ofereço a minha perspectiva. Nesse sentido, acho importante pensar o mundo a partir da América Latina, da África, da Ásia, ou seja, a partir do lugar que se está, inclusive, da Europa. Desde que a gente não tenha que fazer do lugar em que se está falando, um lugar universal. Porque na verdade, as características dos lugares são muito próprios”, afirmou.

Além do professor Carlos Walter da UFF e professores da casa, a Universidade também recebeu durante a jornada, pesquisadores do Instituto Federal do Sul de Minas (IFSULDEMINAS), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), e da Universidade Federal de Goiás (UFG).