O quadro urbano cada vez mais cinza pode receber contornos de verde nos próximos anos, principalmente com a chegada de mais pequizeiros a Goiânia. Nesta semana o prefeito Paulo Garcia (PT) sancionou uma lei que determina o cultivo da espécie nativa do cerrado em praças públicas, áreas de reservas legais e preservação permanente. Mas ainda não há uma previsão para quando o plantio começará. Nos viveiros mantidos pelo município não existem mudas do pequizeiro.
De imediato o presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Edilberto Dias, diz que algumas mudas serão adquiridas de viveiros particulares. Todavia, já avisa: “por enquanto serão pontuais e não temos previsão para quando elas serão plantadas”, adianta.
Os locais que receberão a espécie também não foram definidos. “Temos que olhar a viabilidade, mas um bom lugar seria a Praça do Sol, no Setor Oeste. Outras praças grandes da periferia e o Parque Campininha das Flores, que foi entregue recentemente, podem receber alguns exemplares”, estuda.
A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) só começará a produzir as mudas a partir de novembro, época de pequi. Wilmar Pires, assessor da presidência, afirma que o órgão tem estudado em quais pontos das 225 áreas ambientais e 36 parques administrados pela Amma podem receber a muda.
“O fato é que não iremos utilizar o pequizeiro como arborização urbana, como uma ilha, por exemplo, que não é viável. Se tiver como adequar uma muda dentro de uma praça, não tenho nada contra. É uma árvore importante nossa, protegida, que a gente precisa preservar”, comentou Pires.
Alerta
O professor emérito José Ângelo Rizzo da Universidade Federal de Goiás (UFG), estudioso da flora goiana, destaca que é preciso ter cuidado com a área escolhida para o plantio do pequizeiro. “Grande parte das áreas da Prefeitura, hoje, são de mata. O cerrado em si se perdeu com o passar dos anos com a expansão imobiliária em Goiânia. Temos apenas um resquício e se for plantar em um local que não é condizente com o Cerrado, não é aconselhável, porque muda o bioma”, afirma. “Agora só me preocupo com o futuro, com possíveis depredações da população. Na época do pequi, já viu né? Não fica um”, contrapõe.
Ele defende uma área de preservação dos pequizeiros. “Na minha opinião seria o ideal. Inclusive já existe um espaço próximo ao Paço Municipal que seria viável a criação de uma reserva, porque lá é uma área do Cerrado”, propõe o professor.
