Livro “Cartografias Artísticas e Territórios Poéticos” está disponível para download gratuito

Data: 05/08/2016

Fonte/Veículo: Memorial - Espaço Público de Cultura

Link direto para a notícia: http://www.memorial.org.br/2016/08/livro-download/

 

capa_livro

O Memorial da América Latina disponibiliza aos internautas o download do livro digital “Cartografias Artísticas e Territórios Poéticos”, organizado pela artista Lilian Amaral, doutora em Artes Visuais pela Universidade de São Paulo (USP). A publicação eletrônica foi editada pelo Centro Brasileiro de Estudos da América Latina – CBEAL e conta também com o apoio do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Mídias Interativas – Media LAB da Universidade Federal de Goiás – UFG.

A obra é estruturada em três eixos conceituais com artigos de pesquisadores nacionais e internacionais que propõem uma reflexão sobre o mundo como um “museu vivo” –  articulador do passado e do futuro – que reúne memórias e, por meio do engajamento entre as pessoas, as coloca como produtoras de conteúdo e, portanto, também responsáveis pelas constantes mudanças e transitoriedades nos territórios.

Clique aqui para baixar gratuitamente a íntegra do livro em PDF interativo, que permite acessar, além dos textos, links audiovisuais.

A seguir, uma entrevista com a artista e organizadora do livro, Lilian Amaral.

Memorial: O que significa o título do livro, “Cartografias Artísticas e Territórios Poéticos”?

Lilian: Quando falamos de cartografia artística e território poético não estamos falando da cartografia e nem do território do geógrafo. Estamos usando certas terminologias de alguns campos do conhecimento que nos permitem pensar, colocar juntas diferentes camadas. Quando falamos de camadas, costumamos criar uma analogia com a memoria, então, a cartografia é uma maneira de falar do território cultural, podendo tornar visíveis imagens, sons, textos, localização dessas memorias no território. Para isso, hoje existem diversos aplicativos e recursos que convergem grandes possibilidades de comunicação.

M: O que o leitor  vai encontrar na obra?

L: O livro resulta de um trabalho de mapeamento realizado por um grupo inter-transdisciplinar de pesquisadores de diferentes lugares e contextos que trouxeram suas experiências particulares para a obra. Além da relação com o Programa de Pós- Graduação em Arte e Cultura Visual / Media Lab / UFG, ele procede também da realização do II Congresso Internacional de Educação Patrimonial, ocorrido em outubro de 2014 na Biblioteca do Memorial, com o apoio do CBEAL e com minha curadoria. Transitando entre os campos da produção artístico-cultural e da científica, apresentamos experiências que lidam com a ideia de patrimônio cultural de uma forma que envolve arte, ciência e tecnologia. O livro também traz um mapeamento da produção contemporânea que se volta para os processos narrativos que falam da memoria hoje, pensando-a do ponto de vista da possibilidade de arquivamento (museológico) e da narrativa utilizando as linguagens e tecnologias contemporâneas. Como usamos e lidamos com os recursos audiovisuais e corporais para falar dessa memória que, de certa forma é pensada numa outra dimensão? Antes as informações ficavam restritas aos espaços físicos, como bibliotecas por exemplo; hoje, em um clique no celular, temos acesso a praticamente tudo. Isso é uma revolução no conhecimento – não só a existência da tecnologia, mas o uso que fazemos dela.

M: A publicação é estruturada em três eixos conceituais. O que é apresentado em cada um deles?

L: O primeiro, “Cartografias artísticas, sociais”, apresenta a colaboração de pesquisadores em âmbito nacional, latino-americano e europeu sobre as questões das cartografias artísticas, dos observatórios de patrimônio cultural e os intercâmbios das redes sul-americanas e latino-americanas de narrativas do patrimônio. Uma abordagem mais vinculada ao campo da arte e das metodologias cartográficas. No segundo (Territórios poéticos, políticos), expandimos o conceito de território para o de território cultural. E por fim, em “Patrimônio cultural em perspectiva relacional”, também nessa perspectiva transdisciplinar, discutimos a  dimensão do patrimônio cultural, o patrimônio além da materialidade. É um livro que trata muito do cruzamento, atravessamento de campos de prática e de pesquisa.

M: O mundo está em constante transformação assim como as pessoas. De que forma a tecnologia contribui para esse processo?

L: Hoje, temos uma mudança muito grande com o impacto da tecnologia na vida das pessoas. Existe toda uma configuração contemporânea que nos aponta o desejo dos indivíduos de serem também realizadores – há inclusive um termo utilizado para essa definição que é “prossumidor” (produtor + consumidor). Antes, o acesso a ferramentas que nos permitiam publicar impressões sobre um determinado assunto era restrito; hoje, com a convergência das mídias permitida pela tecnologia, podemos  criar canais – como blogs, sites – para divulgar essas produções. Sendo assim, é possível pensar que, quando estamos lidando com conhecimento nesse momento atual de convergência dos meios, há o entendimento de uma inteligência coletiva. No último módulo do livro, apresentamos um exemplo de participação das pessoas a partir de uma convocatória que fizemos  para falar sobre “O que é patrimônio para você?” . O fato de termos acesso ao instrumento tecnológico nos permite contato com manifestações de diferentes lugares do planeta e com diferentes abordagens. Daí também a importância de pensarmos muito sobre as formas de acolher essas manifestações , produções.

M: Qual a importância desse livro?

L: Essa publicação tem o interesse pelo ineditismo e resulta de aproximações entre o espaço da ciência, do conhecimento e da cultura. Ela celebra parcerias entre instituições brasileiras, latino-americanas e europeias. A participação de pesquisadores e artistas de diferentes países, que atuam com temas convergentes que se completam, possibilita um diálogo amplo sobre a dimensão da arte, da memoria, da tecnologia, assuntos que estão em pauta nos grandes debates internacionais e que revelam formas da gente pensar a vida nas cidades contemporaneamente.

M: Por que disponibilizá-lo  para download gratuito?

L: Porque ao fazermos isso, tanto o Memorial como nós autores, deixamos claro o entendimento que temos de que o tipo de debate proposto pela obra tem que ser de domínio do público, que o conhecimento precisa ser compartilhado e acessível. Este livro chega em um momento muito oportuno!