Sem aporte do poder público, Circo Laheto corre o risco de fechar as portas

Data: 11/10/2016

Fonte/Veículo: Mais Goiás

Link da notícia: http://www.emaisgoias.com.br/sem-aporte-do-poder-publico-circo-laheto-corre-o-risco-de-fechar-as-portas

 

 

Sem aporte do poder público, Circo Laheto corre o risco de fechar as portas
Projeto atende em período integral 133 crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos (Foto: Encontroteca)

A falta de recursos pode provocar o fechamento de um dos projetos artísticos e sociais mais conhecidos de Goiânia. Sem repasses da prefeitura e do governo federal, o Circo Laheto corre o risco de encerrar suas atividades no fim deste ano.

Em situação econômica difícil, a direção da escola circense participou de uma manifestação no início da tarde desta terça-feira (11) em frente ao Paço Municipal. O protesto foi feito em conjunto com outras cerca de 40 entidades filantrópicas que também dependem de repasses do Executivo municipal.

O diretor da ONG, Valdemir de Souza – mais conhecido como Maneco Maraca – afirmou que o projeto está sem receber, até hoje, recursos relativos ao ano de 2015. “Esse recurso parte do governo municipal e do governo federal e é fundamental para a manutenção dessas instituições, que correm o risco de fechar as portas neste fim de ano”, explica. Somente o Circo Laheto teria cerca de R$ 100 mil a receber de repasses atrasados.

O projeto desenvolve atividades com 133 crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos que aprendem artes circenses, como malabares, teatro e percussão, além de obterem apoio escolar com a ajuda de estagiários da Universidade Federal de Goiás (UFG). “O circo funciona em período integral. As crianças que estudam de manhã saem da escola e vêm para cá, e as que estudam à tarde, saem daqui e vão para a escola. Elas almoçam e lancham aqui no circo”, conta Maneco. A estrutura é sustentada por oito profissionais de carteira assinada e outros oito voluntários, que nos últimos tempos têm sido mantidos com a ajuda de doações e com o desenvolvimento de atividades artísticas.

A escola é considerada crucial pela comunidade, que vê na iniciativa uma forma de manter as crianças longe da criminalidade enquanto se mantêm entretidas e alimentadas, aprendendo atividades que vão auxiliar seu desenvolvimento. Não à toa o projeto já recebeu diversos reconhecimentos nacionais e internacionais – o último deles, em outubro do ano passado, foi o Prêmio Itaú Unicef pelo Projeto “Arte, Circo e Cidadania”, desenvolvido em parceria com a Escola Municipal Bárbara de Souza Morais, do Jardim Novo Mundo.

“A gente está tendo um apoio maciço da comunidade. Pais e mães dependem desse projeto”, declara o diretor. “Além do cuidado em tempo integral, para as famílias trata-se de um processo de transformação, de inclusão e de promoção do conhecimento.” Tudo isso, porém, tem um prazo para acabar caso não chegue o aporte esperado do poder público: 20 de dezembro.

Promessas

Em reunião com a direção do Circo Laheto e das outras entidades mobilizadas, a titular da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), Maristela Alencar de Melo Bueno, afirmou, nesta terça-feira (11), que parte do dinheiro está prestes a ser liberada. “Ela nos disse que está encaminhando os recursos. Há a possibilidade de que os valores de 2014 e de 2015 sejam liquidados até o fim deste mês”, diz Maneco.

Ainda que a promessa se cumpra, o diretor pontua que o repasse não resolve os problemas do projeto, especialmente porque os valores referentes a 2016 devem ser liberados somente em 2017, já que questões burocráticas impedem que isso aconteça nos próximos 180 dias. “Esse dinheiro que está para sair vai ser apenas para pagar dívidas antigas. Não resolve nada”, lamenta.

Segundo ele, os problemas com os repasses já são antigos. Tipicamente, são feitos pagamentos de quatro parcelas anuais, no valor de R$ 50 por criança, o que gera em torno de R$ 6.650 em cada repasse. Em 2015, as duas primeiras parcelas foram pagas em dia, porém, até o momento o circo não teve acesso aos pagamentos das últimas duas parcelas daquele ano e de nenhuma deste ano. O que garantiu a sobrevida do projeto foram os repasses de 2014, que por sua vez só foram executados no fim de 2015.

Por nota, a Semas afirmou que os repasses municipais são feitos em três parcelas. Neste ano, a primeira já teria sido paga a todas as instituições. “Estamos apenas aguardando regularizar a prestação de contas [das entidades] para efetuar o pagamento das duas parcelas restantes”, diz nota encaminhada pela secretaria.

Já quanto aos recursos federais, complementa o texto, são quatro parcelas anuais. A secretaria confirma o pagamento de apenas duas parcelas em 2015 e explica que as outras restantes não foram pagas por atrasos do governo federal, que já encaminhou os recursos. “As 17 instituições conveniadas que recebem recursos por meio do Governo Federal já começam a receber neste mês. E neste ano, o Governo Federal ainda não efetuou o repasse do recurso referente ao ano de 2016.”