Gravidez no Ceará. Em um ano, mais de 23 mil partos em adolescentes

Data:23/10/2016

Veículo: O Povo

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Dos 97.832 partos que aconteceram no Ceará em 2014, 23,68% foram de mães entre 10 a 19 anos. Esse percentual coloca o Estado em 20º no ranking brasileiro

Dos 97.832 partos que aconteceram no Ceará em 2014, 23.167 (23,68%) foram de adolescentes entre 10 e 19 anos. O Estado é o 20º no ranking de partos de adolescentes com essa faixa etária no Brasil. A média nacional é de 20,04%. O único estado cujo patamar fica abaixo dessa marca é Santa Catarina, com apenas 5,2%.

 

Os dados são do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e foram divulgados no workshop de Saúde Feminina, realizado em São Paulo pela Bayer, organização global com competências nas áreas da saúde e nutrição. Entre os estados com maiores taxas de partos de adolescentes estão Pará (com 30%), Amazonas (29,2%), Alagoas (29,1%) e Amapá (28,8%). Com os menores percentuais — além de Santa Catarina — estão o Distrito Federal (20,4%), Minas Gerais (21,1%) e São Paulo (21,3%).
 

As informações fazem parte do estudo sobre o impacto da gestação não planejada na adolescência e como o uso de métodos contraceptivos de longo prazo podem ajudar a reduzir esse impacto. 

 

O trabalho foi da pesquisadora do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marta Franco Finotti. No estudo, que também colheu dados do Ministério da Saúde, de 60% a 84% das primeiras gestações entre adolescentes não foram planejadas.

 

No mundo, a faixa etária de 15 a 19 anos é responsável por 11% de todos os nascimentos. Metade de todos os partos durante a adolescência aconteceu em apenas sete países — entre eles, o Brasil. Sobre o impacto social, o estudo ressalta que 30% das adolescentes engravidam novamente no primeiro ano pós-parto e, entre 25% e 50%, no segundo ano pós-parto.
 

Essa realidade torna mais difícil a reintegração da mãe à escola e ao mercado de trabalho, conforme pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
 

A estudante Ana Luíza Lima Feitosa, 25, viveu isso. Ela foi mãe aos 15 anos e teve a segunda filha aos 18. “Deixei os estudos de lado. Voltei a estudar neste ano, agora que a mais velha tem nove anos”, relata. Luíza conta que tem alergia à camisinha e, quando engravidou, tinha medo de a mãe descobrir que ela usava anticoncepcional. 

Impacto na economia
O Brasil gastou R$ 4 bilhões com gestações não planejadas em 2014, deixando de acrescentar US$ 3,5 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB). A pesquisa divulgada diz que, caso as meninas retardassem a gravidez até os 20 anos, o Brasil teria maior produtividade.

Além da redução da mortalidade materna, o Governo Federal possui o papel de implementar políticas públicas de saúde e acesso gratuito a métodos contraceptivos. A pesquisadora Marta Franco afirma que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a inclusão dos anticoncepcionais reversíveis de longa duração na lista básica de medicamentos a serem ofertados pelos sistemas públicos de Saúde.
O Governo Federal precisa ainda desempenhar programas de assistência à mulher e serviços de planejamento reprodutivo adequados e acessíveis. Já o ginecologista deve recomendar contraceptivos de qualidade e educação de Saúde reprodutiva e sexual. 

*A repórter viajou a convite da Bayer

 

Saiba mais

 

O contraceptivo injetável mensal e trimestral é distribuído aos municípios que possuem população igual ou superior a cinco mil habitantes. 

O DIU é distribuído aos municípios que possuem população igual ou superior a 50 mil habitantes. 

O diafragma é distribuído aos municípios com população igual ou superior a 200 mil habitantes. 

Os preservativos são distribuídos a todos os municípios. 

A pílula anticoncepcional é distribuída aos municípios com população igual ou superior a 50 mil habitantes.