Maioria dos moradores de rua vive no Centro

Data: 29/11/2016

Veículo: O Hoje.com

Caio Marx

Com a chegada do final do ano há um aumento significativo nas pessoas que vivem em situação de rua, excluídos da sociedade e marginalizados habitando diversos pontos de Goiânia como viadutos, praças e becos. A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) realiza ações voltadas para reinserção familiar por meio do Centro Pop e Casa da Acolhida Cidadã que são unidades criadas para auxiliar moradores em situação de rua em Goiânia.

Segundo relatos das pessoas atendidas pelas equipes de abordagem social de rua, uma das hipóteses para o aumento de moradores de rua no final do ano seria o aumento das doações realizadas pela população, pois nessa época existe mobilização para doações de roupas, calçados e brinquedos. Não significa, porém, que tenha ocorrido aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade. A diferença é que grande parte dos que vêm para os centros urbanos nesses períodos encontram lugares que os recebam.

O Centro Pop e Casa da Acolhida Cidadã são unidades que fazem parte das práticas de políticas públicas. O serviço é ofertado para pessoas que utilizam as ruas como espaço de moradia ou sobrevivência. As atividades realizadas são voltadas para a reinserção familiar dessas pessoas e encaminhamento para o mercado de trabalho. No Centro Pop são ofertadas oficinas, roda de conversa e atividades culturais diversas, que são distribuídas durante a semana, com o objetivo de desenvolver a coletividade e favorecer o fortalecimento da autoestima.

Universidade Federal de Goiás (UFG) tem um estudo realizado com a população em situação de rua na cidade de Goiânia. O estudo foi realizado para subsidiar a elaboração de políticas públicas específicas para essas pessoas. Dentre os indivíduos que foram encontrados nas ruas 46,4% estavam na região central de Goiânia, seguidas pelas regiões Sul (15,8%), Oeste (11,5%) e Leste (10,0%).

 A concentração da população em situação de rua na região do centro de Goiânia se dá por diversos fatores. Entre eles, podemos dizer que o Centro é uma região com alto número de comércio, permitindo ação dos pedintes. Além disso, devido ao grande fluxo de pessoas, os moradores de rua conseguem exercer atividades como bicos de vigia de carros, flanelinha e ambulantes. No Centro, há uma maior assistência por parte do governo, tanto na preservação de serviços urbanos, quanto serviços de assistência social, pois a Casa da Acolhida Cidadã, o Restaurante Cidadão, a SEMAS e o Complexo 24 horas, ficam localizados nesta região.

Homicídios

Nos últimos três anos em Goiânia, 61 moradores em situação de rua foram mortos de acordo com o estudo da UFG. Um número alarmante se comparado ao total de 351 pessoas que vivem nas ruas da capital. Até junho deste ano, sete moradores de rua foram assassinados em Goiânia.

Entre os vitimados, o estudo declara que o principal agente da violência foram outras pessoas em situação de rua (63,5%), seguido de não identificados (37,3%), polícia militar (34,9%), moradores da região (15,1%). Quando é somado os agentes estatais (Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal) o número chega a 41,3%. Por ultimo, como agentes da violência, aparecem os traficantes de drogas (7,9%) e comerciantes (4,8%).