Obras do passado e do presente

Data: 14 de dezembro de 2014

Fonte/Veículo: O Popular

Ateliê Tipográfico lançará volume de poesias de Oscar Fortunato, primeiro livro do artista plástico. Catálogo do selo vai se dividir entre títulos antigos e contemporâneos

Rogério Borges

14 de dezembro de 2014 (domingo)

 

“Eu estou adorando essa experiência. Escrever meu primeiro livro de poesia e ele ser publicado em uma linotipo é muito bacana.” Quem comemora esse fato não é um nostálgico e sim alguém muito antenado com a contemporaneidade. O artista plástico Oscar Fortunato, conhecido por suas interferências urbanas, está “dando expediente” no Cegraf, lambendo sua cria.

“O livro vai se chamar Tipo Assim”, ri, como se quisesse dizer que o trocadilho do título é a sua cara. “Eu digo que venho aqui para ajudar, mas na verdade fico admirando.” Os tipos já estão sendo montados pelo linotipista Ronaldo Soares e os versos vão, aos poucos, se desenhando, ainda fora do papel.

“É o resgate de uma história, de uma tradição”, considera Oscar, que se diz um fã dos linotipos há muito tempo. “Eu fui cartasista de supermercado. Adoro esses materiais gráficos.” Seu livro terá cerca de 100 páginas e uma tiragem de 300 exemplares.

“Eu gosto muito desse sistema, bem artesanal. Acho que é o artista mostrando, na prática, de forma muito concreta, o seu talento, sem precisar de auxílios tecnológicos. Hoje em dia o mundo anda muito artificial e ver algo assim ser feito é incrível. Eu adoro gravuras e acho que livros feitos dessa forma trazem um ar retrô, sem deixar de serem atuais. No meu livro, vou ver a palavra ‘hipster’ impressa em linotipo.”

A junção entre o passado e o moderno é o objetivo dos coordenadores do Ateliê Tipográfico da UFG. “É bom salientarmos essa mescla”, assinala o diretor Anton Corbacho. Ele pretende abrir espaço para novos autores sem descuidar dos mais antigos, alguns deles que fizeram parte do catálogo da Imprensa Universitária da UFG.

O professor tem pesquisado em sebos para encontrar esses livros, muitos deles desaparecidos. “Dos livros publicados entre os anos de 1962 e 1978, não tínhamos nenhum no acervo. Parece incrível, mas era verdade”, conta Anton. Isso começa a mudar. Vários exemplares das edições originais foram localizados (ver exemplos no quadro). “Havia um livro que trazia a lista com que a Imprensa Universitária tinha publicado.” Talvez um dia elas possam voltar nos bons e velhos linotipos.

Tesouros resgatados

14 de dezembro de 2014 (domingo)

Elos da Mesma Corrente (Rosarita Fleury) – Clássico da literatura feita em Goiás, o livro foi editado no final dos anos 1960 pela Imprensa Universitária da UFG.

O Muro que Voava (Nancy Ortencio) – Filha de Bariani Ortencio, Nancy publicou esse volume no final dos anos 1970 com ilustrações em bico de pena e xilogravuras de Amaury Menezes e Maria Guilhermina. Na mesma edição há o título Estórias do Cerrado, de Ivo Curado, que traz ilustrações de Siron Franco.

A Poesia (Gilberto Mendonça Teles) – A obra do poeta goiano radicado no Rio de Janeiro foi publicada nos anos 1960 e é encontrada hoje, sobretudo, em antologias.

Antes do Túnel (Miguel Jorge) – Um dos primeiros livros de Miguel Jorge também foi publicado pela editora na transição entre os anos 1960 e 1970.