Bloqueio impede nuvens de chuva

Data: 14 de janeiro de 2015

Veículo: O Popular (online)

 

 

Não tem jeito, para amenizar o calorão que deve se prolongar pelo menos até o início da próxima semana, só mesmo medidas paliativas, como ingerir muita água e alimentos leves. A exemplo do mesmo período do ano passado, uma massa de ar quente que vem do Atlântico Sul forma um novo bloqueio atmosférico-oceânico sobre as regiões Sudeste e Centro-Oeste impedindo a formação de nuvens favoráveis a chuvas sobre Goiás.

“O fenômeno é natural”, diz a professora Gislaine Cristina Luiz, do Instituto de Estudos Socio-Ambientais (Iesa), da Universidade Federal de Goiás (UFG), mas a sensação térmica é de temperaturas muito mais elevadas por causa do causa do crescimento de áreas impermeabilizadas nos centros urbanos e do desmatamento na zona rural.

O Instituto Nacional de Metereologia (Inmet) prevê até sábado temperaturas máximas superando a marca de 30 graus, com umidade relativa do ar em torno de 80% a 30%. Essa combinação aumenta ainda mais a sensação de calor.

As chuvas podem até ocorrer, mas em pontos isolados e de forma rápida, não contribuindo em nada para reduzir a temperatura. “A atmosfera é muito dinâmica. A previsão é que este bloqueio atue até o dia 20 em Goiás como um todo, mas podem ocorrer chuvas isoladas”, afirma Gislaine Cristina Luiz que é doutora em Geotecnia.

Patricia Madeira, metereologista da Clima Tempo, concorda que as chuvas devem voltar com mais força nos dez últimos dias de janeiro. Ela explica que o bloqueio atmosférico é muito parecido com o que ocorreu há um ano, embora em 2015 ele não esteja tão organizado e com tanta pressão. “As pessoas podem achar que é igual, mas as condições são diferentes. No ano passado foram 50 dias sem chuvas, nada passava.

Ao longo deste verão, haverá o bloqueio mas não com tanta força, podendo ocorrer pancadas de chuvas em áreas isoladas, como pode ser conferido ontem em Goiânia e Porangatu. Dos três meses de verão, Patrícia Madeira acredita que o maior volume de chuvas será em março, mesmo assim com precipitações irregulares.

A alta temperatura fez o coordenador da mais antiga Colônia de Férias de Goiânia, há 47 anos realizada pelo Clube Jaó, Wanner Marçal, mudar o esquema de atividades da garotada. Esta semana, as 160 crianças atendidas brincam ao ar livre somente nas primeiras horas da manhã, depois apenas em áreas cobertas. Atividades na água são as mais aguardadas pela turma.

AÇÃO HUMANA

Para a professora do IESA, Gislaine Luiz, a atmosfera é dinâmica e independe da ação do homem, mas a atuação da massa de ar quente, como vem ocorrendo sobre o território goiano, é potencializada pela atividade humana. “O ambiente mais impermeabilizado, o desmatamento intensivo, o grande número de construções, tudo isso favorece uma percepção de calor mais elevado”, explica.

O incremento da construção civil nos últimos anos na capital e a consequente impermealização, tanto de lotes quanto de ruas que recebem pavimentação asfáltica, tem feito o goianiense sentir ainda mais calor, acredita a professora. Para Gislaine Luiz, a promessa da Prefeitura de Goiânia de construir ciclovias deveria ser acompanhada de corredores de vegetação natural para amenizar o calor.