Consolidar mercado consumidor é desafio para produtores de games em Goiás

Data: 15 de janeiro de 2015

Veículo: O popular (online)

 

O Brasil ocupa, hoje, o 11º lugar no ranking mundial e o 1º lugar na América Latina no mercado de consumo de jogos eletrônicos. Os dados são de uma pesquisa divulgada em 2014 pelo Instituto New Zoo, que realiza pesquisas na área de games e tecnologia, e ainda estimou um consumo de quase US$ 1,4 bilhão em games no País somente em 2013.  A pesquisa aborda todos os tipos de jogos, desde os produzidos para smartphones e navegadores, até os desenvolvidos para videogames e computadores — que são normalmente mais caros. 

No entanto, apesar de ter um mercado consumidor em crescente expansão, poucas empresas de produção de games começaram a aparecer no Brasil. Já existe até mesmo a Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), composta por um grupo de empresas de desenvolvimento com o objetivo de fortalecer a indústria nacional de desenvolvimento de jogos. Mas o mercado ainda encontra dificuldades. 

 

Espaço para crescer

O 1º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, da Abragames, divulgado em fevereiro de 2014, mostra que, em Goiás, existe apenas uma empresa produtora de jogos: a Gameblox, que existe desde 2009. A maior concentração ainda está em São Paulo, com 54 empresas. No total, a indústria brasileira de jogos é composta por 148 produtoras. Destas, 93 tiveram um faturamento de até R$ 240 mil reais em 2013, 27 até R$ 2,4 milhões e apenas 5 de até R$ 16 milhões.

Formado em Ciência da Computação na Universidade Federal de Goiás (UFG), Bruno Gonçalves trabalha na área de produção de games há cinco anos e hoje presta consultoria. Apesar do grande número de consumidores de jogos no País, a produção brasileira ainda encontra certos obstáculos para crescer. “A maior barreira é a falta de incentivos, sejam fiscais, financeiros ou tecnológicos, para acelerar o crescimento. A verdade é que o mercado consumidor do Brasil é grande, mas não consome os jogos produzidos aqui”, afirma.

Até mesmo a Nintendo, uma fabricante de videogames consolidada no mercado, encontrou dificuldades em crescer no País. Em janeiro deste ano, a gigante japonesa decidiu cancelar a distribuição oficial de jogos e consoles no Brasil devido às elevadas tarifas de importação no setor de videogames. Outra dificuldade encontrada pela empresa foi a falta de uma unidade para fabricar os produtos no país. 

Em comunicado, o diretor e gerente geral para a América Latina da Nintendo, Bill van Zyll, afirmou que "Os desafios no ambiente local de negócios fizeram insustentável nosso modelo de distribuição atual no País", mas garantiu que a empresa continuará acompanhando a evolução do mercado e avaliará a melhor forma de servir os "fanáticos brasileiros no futuro".

 

Cenário “promissor”

Outro foco da indústria de games é o investimento em novos formatos de jogos para tentar ganhar espaço entre os consumidores. Uma opção são os advergames (fusão das palavras inglesas “advertise”, que significa propaganda, e “videogame”), os jogos publicitários encomendados por empresas e focados em públicos específicos. “Jogos para smartphones também são uma opção de maior crescimento no mercado, já que possuem um menor custo de produção e um grande alcance”, explica Gonçalves.

Diego Santos Leão, proprietário da Gameblox, empresa localizada em Goiânia, acredita que, apesar de ainda não existir um mercado consolidado em Goiás, as vantagens de produzir jogos estão no custo-benefício. “Em Goiânia, o mercado de produção de jogos é promissor, já que o custo de vida na cidade não é alto e é possível vender jogos para todo o mundo. O mercado de games cresce, mas a maior parte das vendas é para fora, então vale a pena investir nisso”, conclui Diego Leão.