Crescimento entre mulheres é maior

Data: 25 de janeiro de 2015

Fonte: O Popular

 

Segundo a professora Eliane Gonçalves, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e autora do estudoVidas no Singular: Noções sobre “Mulheres Sós” no Brasil Contemporâneo, embora seja uma tendência em crescimento o casamento mais tarde para ambos os sexos, especialmente nos grandes centros urbanos, entre as mulheres o crescimento é mais expressivo. De 1980 a 2010 as mulheres que moram só passaram de 2,8 % para 6,2%.

A professora faz uma distinção entre mulheres solteiras e sozinhas. As primeiras são pessoas que nunca se casaram. Já a mulher sozinha é uma mulher sem par. “Uma mulher que mora com o filho ou filha não é uma mulher sozinha, mas se estiver sem namorado ela vai dizer que é sozinha”, explica Eliane.

Mas estar sozinha não quer dizer ser solitária, segundo a professora. Muitos homens, mas também as mulheres, sobretudo as mais jovens, têm agendas cheias, muitas baladas, academia, trabalho e passam grande parte do tempo fora de casa. “A casa acaba sendo o refúgio, o dormitório, e as amizades assumem lugar de destaque na vida de quem mora só e também na de quem está sem par.”

Entre as mulheres que vivem sós, há solteiras que saíram da casa dos pais ou vieram de outras cidades e as que se separaram. Aquela mulher de 50 anos, dois filhos, que já foi casada e se divorcia, fica solteira ou sozinha. “A solteirice é muito difícil de captar em dados, pois as relações podem ser mais ou menos estáveis e apresentarem uma gama enorme de variações e arranjos de convivência e habitação”, explica a professora. Ela cita as uniões consentidas, relações virtuais e os casamentos homossexuais. Em geral, as mulheres que exibem este perfil são mais escolarizadas, com renda também mais alta que a média, de um tipo que se considera livre para decidir sobre sua própria vida.

 

Segundo pesquisadora números não devem alarmar população

 

 

Os dados demográficos que apontam um número maior de mulheres que de homens não devem alarmar a população, segundo a professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Eliane Gonçalves. Segundo ela, as estatísticas são esvaziadas de seus contextos e explicações. A do Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), por exemplo, considera solteiras as meninas acima de 10 anos e mulheres acima de 60 anos. “As pessoas mais jovens encontram correspondência no seu grupo etário. O que são 15 mil ou 16 mil mulheres a mais numa população de 20 a 39 anos”, questiona.

 

Segundo a pesquisadora, não existe correspondência exata entre número de pessoas aptas a casar e se reproduzir porque não vivemos nos moldes reprodutivos apenas. “No grupo etário de 20 a 39 anos, enquanto umas estão se casando, outras já estão se separando, tendo filhos sozinhas, experimentando outras formas de amor. O mercado matrimonial não é uma equação para ser resolvida por encaixe - um homem, uma mulher: um par.”

 

Eliane Gonçalves chama atenção para o fato de existirem pessoas que querem permanecer solteiras por toda a vida e ela anima quem está à procura da alma gêmea: “O mercado afetivo está repleto de pessoas disponíveis e aptas a namorar, casar. O problema é sempre o mesmo: querer a mesma idade, mesma classe social, mesma raça e cor, mesma escolaridade e até a mesma profissão. Assim vai faltar gente mesmo.”