WhatsApp aposta em sincronismo

Data: 26 de janeiro de 2015

Fonte: O Popular

 

Aplicativo pode ampliar base de usuários com opção de uso em desktop e responsividade, tendência do mercado digital para 2015

 

Multi-tela

Multi-tela

Diomício Gomes

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Khyquer Ronaldy não consegue se imaginar sem o WhatsApp

 

A versão para a web do aplicativo de troca de mensagens WhatsApp, lançada na semana passada, reforça a tendência de manter dispositivos sincronizados. A possibilidade de usar o app no desktop já estava presente em alguns concorrentes, e mostra, de acordo com especialistas da área, que a indústria de tecnologia se volta para acompanhar cada vez mais os usuários nas diferentes plataformas, do celular ao computador do trabalho.

O serviço exibe no PC as mesmas mensagens que são mostradas no visor do celular, como um espelho, com todo o histórico de conversas e grupos armazenados no smartphone. “Antigamente, o que parecia ser o futuro era a integração dos dispositivos, a ideia de que um aparelho só poderia fazer tudo, mas não, estamos na era da multi-tela”, explica o especialista em tendências e comportamento, Fred Pacheco.

A possibilidade de começar uma tarefa em um aparelho e continuá-la de onde parou em outro dispositivo, sem precisar logar ou mesmo começar tudo do zero, começa a fazer parte de uma série de serviços com os quais se convive no dia-a-dia.

É uma das tendências para os negócios digitais em 2015. No streaming, como o Netflix, filmes podem ser pausados no videogame e continuados na tela do celular. No mesmo caminho, a Apple lançou a facilidade na última atualização de seu sistema operacional.

MOBILE

Porém, o fato do WhatsApp ter começado como uma solução mobile e depois passar também para o computador, de acordo com especialistas, pode significar um movimento forte para crescer a base de usuários. “Negócio é negócio, tem sempre de estar presente. Deu certo por começar no ambiente mobile, tem característica, aparência e usabilidade para quem está em movimento e foi o ponto forte para crescer a base de usuário.”

Fred Pacheco, que também é professor de Marketing no Ipog, explica que o interessante não seria replicar o app em outra ferramenta quando fosse necessário usar o desktop. “E fica chato pegar o celular toda hora no trabalho, que é um momento em que ser multi-tela é importante”, diz ele ao apostar que o modelo em breve também pode ser lançado para as TVs inteligentes.

“Leva a lógica da mídia móvel para mídia estática e não sabemos ainda se terá outras dificuldades, já que por lá temos uma série de opções cristalizadas, como e-mail e Facebook”, argumenta o doutor em comunicação e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Daniel Christino. Ele defende que ainda é difícil saber de fato qual será o uso e se realmente vai ser muito usado como pode parecer.

“A grande sacada é a conectividade, é manter-se em movimento e sempre com o mesmo programa. Sua principal característica é a velocidade como a informação é trocada, por pequenas mensagens para várias pessoas e grupos”, pontua sobre o que torna o WhatsApp parte do cotidiano dos usuários para enviar ou receber conteúdos que vão desde piadas a divulgação profissional.

E foi exatamente pela facilidade de manter conversas com amigos, alunos, colegas de trabalho e familiares que o analista de sistemas Khyquer Ronaldy de Oliveira Camargo, de 25 anos, é um dos que não consegue mais se imaginar sem WhatsApp. “A conclusão que chego é que antes todo mundo queria estar nas redes sociais e agora ele contribui até para que as pessoas queiram ter um celular com internet.”

ATUALIZAÇÃO

Assim que o CEO e fundador do app, Jan Koum, anunciou em sua página no Facebook a versão para desktop, Khyquer Ronaldy já buscou saber como fazer para experimentar. “Assim que liberaram, eu tentei usar e ainda não estava disponível para todo mundo, tive de atualizar todos os meus aplicativos para forçar e ter a nova versão do app com o WhatsApp Web”, diz o analista.

A situação também foi encontrada pela reportagem em teste, na semana passada, em aparelhos que ainda não tinham a versão atualizada.

“Achei intuitivo, prático e maravilhoso, porque não preciso interromper minhas atividades, além da facilidade para enviar imagens e digitar.” O receio de Khyquer é começar a ter espaço para spam e também para links maliciosos enviados pela plataforma, que podem comprometer também o PC.

“Na web, tem notificação e vai ser como era o MSN, apita, mas tem como desativar”, detalha sobre os alertas sonoros e visuais que para alguns podem parecer uma maneira a mais de se distrair dos afazeres, mas que para o analista está sobre controle. Mas outro limitador, na plataforma que anunciou ter chagado a 700 milhões de usuários no último dia 7, é a não disponibilidade do WhatsApp Web para os dispositivos da Apple.

De acordo com a empresa, isso ainda não foi possível pela falta da tecnologia apropriada, que possibilita o sistema realizar diversas tarefas fora do primeiro plano e permitir que o usuário receba notificações, por exemplo, mesmo que não esteja usando o app. Pelo seu blog, o WhatsApp informou que a versão para iOS já está em desenvolvimento, mas não disse quando isso deve acontecer.

Chip mantém conexão ilimitada por R$30

K26 de janeiro de 2015 (segunda-feira)

De olho no aplicativo WhatsApp, por onde passam 30 bilhões de mensagens por dia, a operadora italiana Zeromobile lançou na semana passada o WhatSim, um chip que permite o uso ilimitado do aplicativo em 150 países por cerca de R$ 30 por ano. O Brasil está na lista dos que podem comprar o produto pelo site da tele.

O chip vai funcionar apenas para conversas por texto, porém é voltado para o público que não pode contratar pacote de internet móvel. A empresa informa que o produto foi pensado para quem viaja constantemente para outros países e precisa comprar um chip local ou depender de rede Wi-Fi ou mesmo pagar caro pelo roaming de dados.

A parceria com operadoras para facilitar esse acesso, para o professor do Ipog, Fred Pacheco, mostra como estão preocupados em valorizar cada vez mais a quantidade de usuários. “É comum no Vale do Silício a base dos negócios ser a quantidade de pessoas que usam, por isso é muito difícil que foquem em fonte de receita diferente, por medo de perder a base.” (A)