Jovens se divertem em trote no Vaca Brava

Data: 26 de janeiro de 2015

Fonte: Diário da Manhã

 

O resultado do SISU foi anunciado na manhã de hoje (26/01) por volta das dez horas. Desde que foi liberado pelo MEC, os estudantes veteranos da Universidade Federal de Goiás (UFG) já começaram a convocar os calouros dos mais diversos cursos pelas redes sociais para comparecerem ao trote no Parque Vaca Brava, que fica no Setor Bueno em Goiânia .

Poucas horas depois as organizações estudantis, comissões de trote e associações atléticas começaram a armar suas “banquinhas”, lotando o parque com cetenas de estudantes. O lugar já se tornou um ponto clássico para comemorar as aprovações no vestibular. Sua localidade coincide com a de muitos colégios particulares famosos e cursinhos pré-vestibular da cidade.

Os veteranos passam semanas organizando e elaborando pegadinhas. Entre elas estão as mais clássicas como jogar ovos, farinha e café. Outras mais elaboradas incluíram piscinas infláveis com fezes de animais, pedir dinheiro na rua para comprar bebidas e remodelar as roupas usando tesouras.

Alguns mais animados, resolveram tomar um banho no lago do parque, mas foram impedidos por guardas municipais. “Não queremos impedir a diversão, apenas os excessos”, explicou um dos guardas. A festa também era acompanhada por um agente municipal de trânsito (AMT), que alertava carros a passar com velocidade reduzida na Rua T-3, já que havia a grande circulação de pedestres. De acordo com ele, tudo ocorreu tranquilamente.

Segundo alguns dos organizadores, esse ano teve um menor número de pessoas por conta do SISU. O novo sistema de seleção permite que pessoas de outros estados sejam selecionados para a Federal de Goiás. Porém, muitos estudantes goianos também passaram em universidades de outros estados. Eles também comemoraram e se sujaram no parque Vaca Brava.

Lukyan, que passou para o curso de Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comemorou juntamente com as colegas Vitória Mazzoccante, que passou para Sociologia na Universidade da Integração Latino-Americana (UNILA) no Paraná e a amiga Jéssica Mastrela que vai cursar Desing Gráfico na UFG.

Quatro veteranos do curso de Letras esperavam calouros debaixo de uma árvore. “O curso de letras é meio parado, a gente nem tem atlética” reclama Matheus Ferreira, estudante de Letras na UFG. Ele diz que é mais ou menos a favor do trote “Se eu fosse calouro eu não iria vir, só venho porque gosto de beber”, diz o estudante, que também passou no curso de Relações Públicas pelo SISU, mas ainda não decidiu se vai cursa-lo.

Luciene da Silva tem 38 anos e acompanhava a filha que passou em Direito. “É lindo a juventude, a euforia. Eu sou a favor de tudo, menos da bebida alcoólica”, defende. Vestida com uma camisa escrita “Meu bebê passou na UFG”, ela descansava em um banco da praça, enquanto a filha participava das brincadeiras do trote. “Estou tonta” balbuciou a caloura, quando foi chamada para pousar para a foto ao lado da mãe.

Os estudantes de medicina são mais organizados. Com o patrocínio de cursinhos, os alunos do primeiro ano compram os utensílios para o trote. Ovo, farinha de trigo, pinga, cebola, leite condensado, banana. Uma piscina inflável era recheada com tinta, óleo de cozinha e café, onde todos os calouros deveriam ser “batizados”.

Sorridente, ajoelhada no chão e rodeada de veteranos, uma caloura de Direito era abastecida com vodka barata e interrogada por uma estudante com um megafone. “Da um selinho no nosso veterano!” ordenou a veterana. “Cê num encosta não!”, brigou quando a caloura tentou se apoiar para levantar.

Considerado um rito de passagem inevitável para todos que vão entrar na universidade, o trote na idade média se restringia em raspar a cabeça dos novos estudantes, para prevenir piolhos e doenças transmissíveis. Hoje as prendas e brincadeiras se tornaram bem mais complexas e elaboradas, causando divergência de opiniões contra e a favor do evento.

Veja mais fotos do trote no parque Vaca Brava: