Reitor busca ajuda para combater violência na UFG

Data: 28 de janeiro de 2015

Fonte: O Popular

 

Orlando Amaral vai reunir com PF e SSP para definir medidas contra tráfico de drogas, furtos e assaltos

 

CID_GRAF_UFG-_WEB

 

Ainda esta semana o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Orlando Amaral, vai se reunir com representantes da Polícia Federal (PF) para discutir a insegurança no Câmpus Samambaia, situação denunciada ontem pelo POPULAR. Segundo a assessoria de imprensa da PF, “o reitor deve apresentar o problema para que a instituição possa ver se há possibilidade de atuação”.

Por definição constitucional, cabe à PF investigar crimes que envolvam órgãos federais, todavia não é competência roubos e assaltos contra os alunos da instituição. Em relação ao tráfico de drogas, por lei, a PF deve cuidar apenas do internacional; o doméstico é prevenido pela Polícia Militar e investigado pela Polícia Civil. Segundo a assessoria, a reunião definirá se o tráfico dentro da UFG será investigado pela PF.

AÇÕES INTERNAS

Além da reunião com a PF, Orlando Amaral vai se reunir com o Secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Joaquim Mesquita, para tratar do assunto. Segundo a assessoria de imprensa da UFG, a reitoria está em contato com as autoridades envolvidas na questão da segurança em todas as esferas de atuação e tem desenvolvido diversas ações internas junto à comunidade acadêmica para promover um ambiente mais seguro.

A reportagem publicada ontem no POPULAR teve grande repercussão na comunidade acadêmica, especialmente entre os alunos que se manifestaram por um grupo da UFG no Facebook. Quatro postagens que comentaram a reportagem tiveram mais de mil manifestações. A reportagem dividiu a opinião dos acadêmicos. Apesar de não tratar do consumo de drogas na universidade nem sugerir formas de combate ao tráfico, esses dois temas foram recorrentes entre as manifestações dos alunos.

Entre postagens apaixonadas pró e contra a liberação das drogas, a favor e contra a presença da PM no câmpus universitário e entre os que confirmam e negam a relação entre tráfico e criminalidade, algumas postagens chamaram a atenção, como a de Juliana Arnez, que lembrou “a vulnerabilidade das crianças que estudam na escola da UFG, onde não há porteiros nem sequer zelador que olhem pelas crianças. Há apenas a segurança da UFG, que zela pela segurança do patrimônio da UFG e não das crianças que deveriam ser prioridade sobre roubo ou drogas”.

O estudante Caio Miranda cobrou uma solução nas redes sociais “Alguém pode sugerir uma alternativa à presença policial para a crescente violência no câmpus? Porque enquanto se discute o sexo dos anjos os carros continuam sendo roubados e bandidos continuam circulando armados livremente na universidade.” Pedro Faria deu seu testemunho: “Eu convivo no câmpus 2 há mais de 15 anos, estudei minha vida toda no Colégio Aplicação e agora faço graduação, vejo que de alguns anos para cá que a universidade cresceu muito e com isto veio o principal problema de hoje, a criminalidade.”

Para o estudante Fernando Henrique Oliveira, “as drogas comercializadas no câmpus pelos jovens pobres que as vendem e pelos jovens pobres que as consomem chegam em sua totalidade dos altos jardins e condomínios do Setor Bueno, onde o consumo também é alto, porém higienizado, mas que são escondidos pelo poder publico e pela mídia”.

Instituição afirma que não há impedimento para policiamento

A assessoria de imprensa da Universidade Federal de Goiás (UFG) informou que não há impedimento legal para que a polícia entre no câmpus e qualquer cidadão pode acionar a polícia em caso de necessidade. A assessoria ressalta, no entanto, que a UFG tem um serviço de segurança que pode e deve ser acionado pela comunidade universitária sempre que necessário pelos telefones 3521-1093 ou 3521-1337.

Informou também a universidade está buscando novos rumos para as estratégias de segurança e qualidade nos câmpus. Há um estudo em andamento intitulado Violências, Conflitos e Crimes: Subsídios para a Formulação da Política de Segurança da UFG, desenvolvido por 40 pessoas sob coordenação-geral de Dijaci David de Oliveira, diretor da Faculdade de Ciências Sociais (FCS), com o envolvimento direto do Núcleo de Estudos da Criminalidade e da Violência (Necrivi/FCS) e do Núcleo de Direitos Humanos (NDH), ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI).

Estudantes e servidor relatam dificuldades

As pessoas que fizeram postagens nas redes sociais sobre a violência na Universidade Federal de Goiás (UFG) foram convidadas a participar da reportagem. Um servidor que não quis se identificar relatou que na segunda-feira uma colega teve o estepe do carro roubado na porta do prédio onde trabalham. “Realmente está difícil vir trabalhar de carro”, afirmou.

O estudante do 6º período de Ciências Econômicas Carlos Donizete Bernardes confirmou que toda a comunidade acadêmica sabe da existência de tráfico de drogas dentro da universidade. “Até o reitor sabe. Mas tráfico existe em todo lugar porque a guerra às drogas não é eficiente”, observa. Estudante de economia, ele comenta que o tráfico existe porque há o consumo. A lei da demanda e oferta. “Por isso o tráfico é mais presente na UFG.”

Para um estudante do 3º ano de um curso de Ciências Humanas e que prefere não se identificar, os roubos estão relacionados com o tráfico de drogas. “Os próprios estudantes roubam para trocar o produto do roubo por droga”, relata. Segundo o estudante, os traficantes que hoje agem no Câmpus Samambaia são os mesmos que foram expulsos da Praça Universitária há cerca de dois anos e migraram para o Samambaia. “Aqui sempre se fumou maconha livremente, mas nos últimos tempos tem aumentado o numero de traficantes.”

O técnico administrativo da UFG e coordenador-geral da Federação dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras Gibran Jordão pondera que enquanto o consumo de drogas for proibido o único desdobramento será o aumento da violência e do crime organizado, inclusive dentro da universidade.