Goiás é 7º em mortes de jovens

Data: 29 de janeiro de 2015

Fonte: O Popular

 

Índice feito em parceria da Unicef com governo federal cresceu mais de 43% em dois anos no Estado

 

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A cada mil goianos com 12 anos, cerca de cinco não chegarão a idade adulta, conforme estimativa da 5ª edição do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) divulgada na tarde de ontem. Goiás ocupa o sétimo lugar no ranking dos Estados, com índice de 4,82. Em 2010, esse número era de 3,36 e o Estado estava em 11º. Goiânia apresenta índice menor, de 3,84 adolescentes mortos em um grupo de mil, ocupando a 10ª posição, ante a 18ª de 2010. Os piores resultados estão na região do Entorno do Distrito Federal, em que o índice chega a 11,88 em Valparaíso de Goiás - ou seja, de cada mil crianças, 12 não se tornarão adultas.

A pesquisa é feita por uma parceria entre a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Observatório de Favelas e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj).

A ausência de políticas públicas para essa faixa etária entre 12 e 18 anos é vista como principal causa do aumento dos índices. Em sua conclusão, o estudo afirma que os resultados “ressaltam a urgência de desenvolver políticas públicas de prevenção e redução da violência letal contra adolescentes, num cenário em que o problema, longe de apresentar sinais de melhora, está se agravando”. A socióloga e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto de Pós-Graduação de Goiânia (Ipog), Michele Cunha Franco, analisa que o resultado é alarmante, mas condizente com a realidade.

Segundo a professora, os índices de homicídios seriam ainda maiores se se estudasse apenas as regiões periféricas. “A juventude precisa de políticas específicas, porque só temos há pouco tempo a universalização do ensino e assim mesmo não é a do ensino de qualidade.” Michele Franco se refere a uma dificuldade que boa parte dos jovens têm em ascender socialmente por inserção nos meios legítimos, que são a escola e o trabalho. O sociólogo Nildo Viana esclarece que os adolescentes possuem maior exposição social, pois saíram da infância e passam a fazer seus passos, tendo um convívio social mais amplo, como nas escolas, trabalho e amigos.

A socióloga ressalta que não se pode analisar a pesquisa como uma mostra da violência do jovem, lembrando que ele é a vítima e que a violência contra ele é muito maior do que a que ele provoca.

“A sociedade banaliza toda a vida de diversas pessoas, sobretudo jovens, e depois quer que eles tenham condescendência”, diz. A vulnerabilidade dos adolescentes também é aumentada pelo fato de que eles se expõem mais aos riscos.

Violência maior nos centros

(V.A.)29 de janeiro de 2015 (quinta-feira)

O resultado do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) mostra que “a incidência de homicídio contra adolescentes tende a crescer na medida em que aumenta o tamanho populacional do município”. O estudo conclui que o fenômeno está associado à violência urbana. A socióloga Michele Cunha Franco conta que um estudo do Observatório das Metrópoles mostra que a urbanização acelerada e sem organização leva a um aumento dos homicídios. Como os adolescentes são mais vulneráveis, a tendência é que o índice de assassinatos aumente na faixa etária.

O fato explica os índices maiores em cidades do entorno do centro das regiões metropolitanas, como de Brasília e Goiânia. Para se ter um parâmetro, o índice de Aparecida de Goiânia (5,63) é mais de 46% maior do que o encontrado na capital (3,84). “São locais em que a infraestrutura é ainda mais precária e o acesso aos bens de consumo é mais difícil. As cidades tiveram um crescimento desordenado e sem o acompanhamento do Poder Público”, explica Michele.