Companhia das Letras vai reeditar obras do escritor

Data: 01 de fevereiro de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

 

Rodrigo Alves

01 de fevereiro de 2015 (domingo)

Aproveitando as comemorações do centenário de nascimento de José J. Veiga, a Companhia das Letras, selo mais nobre da Editora Schwarcz, é a nova casa da obra do goiano. E para marcar a data, o selo lança já amanhã duas das mais significativas obras do escritor: A Hora dos Ruminantes e o volume de contos Os Cavalinhos de Platiplanto. Estas serão somente as primeiras, já que o objetivo da editora é reeditar o trabalho completo de Veiga.

Um evento especial de lançamento também está sendo preparado para Goiânia, mas a data ainda não foi confirmada e divulgada. O relançamento na capital é uma parceria entre a Companhia das Letras, o Sesc Goiás, que vai sediar o evento, e a UFG e contará com a participação do jornalista e escritor Ignacio de Loyola Brandão. Material para o debate entre os leitores de Veiga não faltará, já que as reedições vêm com prefácios inéditos e bem-cuidados, que lançam olhares maduros sobre o legado do goiano, morto em 1999.

No livro que marcou sua estreia, ainda que tardia (aos 44 anos), a reunião dos 12 contos de Os Cavalinhos de Platiplanto, o prefácio é assinado pelo escritor e professor Silviano Santiago. Com habilidade ensaística, Santiago analisa características caras ao trabalho inaugural do autor, como a narrativa pela perspectiva infantil, em um universo provinciano em que realidade e sonhos se entrelaçam na mesma proporção da fluidez da prosa do escritor. “A obra consegue equilibrar a violência que domina o mundo real com a nostalgia do paraíso que se perdeu, somando à saudade do passado a realização do desejo”, anota Santiago.

Já no crucial A Hora dos Ruminantes, considerado o romance mais importante de Veiga, o prefácio foi escrito pelo pesquisador Antonio Arnoni Prado. “É a partir deste livro que a estranheza do gênero cultivado por Veiga veio nos revelar uma singularidade inventiva que desde logo o destacou dos demais escritores do período”, observa. Prado ainda narra saborosamente o encontro que teve com Veiga no final dos anos 1980, quando o escritor esteve em Campinas (SP) com o intuito de assistir à apresentação de dissertação de mestrado sobre sua obra na Unicamp, onde o prefaciador lecionava.

Com capas assinadas por Kiko Farkas e André Kavakama, os dois volumes estão sendo colocados no mercado em versão impressa (tiragem inicial prevista em 4 mil exemplares cada um) e e-book. Em ambas as reedições há também, ao final, indicações de leitura que possibilitam avançar sobre o vasto universo daquele que se tornou um dos nomes goianos mais importantes da literatura brasileira.