Tratamento com células-tronco

Data: 13 de fevereiro de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

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13/02/2015 05:04

 

A medicina regenerativa, ramo da área de saúde em que são utilizadas células-tronco para, como o próprio nome diz, regenerar órgãos e tecidos, tem um novo filão em Goiânia. A técnica está sendo usada em cães e gatos com insuficiência renal, sequelas de cinomose, aplasia de medula, problemas oftalmológico, artrite, artrose e outras relacionadas à articulação. Pesquisas em São Paulo também avaliam a possibilidade de utilização em casos de diabete, alergias e doenças hepáticas. A técnica também é aplicada em equinos.

Pioneira na utilização da técnica em Goiás, a veterinária Yara Sandra de Brito Araújo explica que o procedimento é o mesmo utilizado em serem humanos e que as células-tronco obtidas são retiradas de tecidos, no caso o adiposo de outros animais, e não de embriões, que é alvo de polêmica, mas também legalizado no País. “Como não tem como fazer transplante em animais, a solução é a regeneração”, comenta Yara Sandra.

Ela comenta que o material é adquirido de uma empresa particular em Campinas, interior de São Paulo, de doadores saudáveis, obtidos em campanha de castrações e ongs protetoras dos animais, mediante autorização do proprietário dos animais. Foi na mesma empresa, formada por uma equipe multidisciplinar, que a veterinária passou por treinamento e se credenciou para poder utilizar o método de terapia.

A única contra-indicação, pontua ela, é o animal ter algum tumor, o que inviabiliza o processo. “Costumo dizer que se não der resultado, mal não vai fazer.”

Em três meses, a veterinária já aplicou a técnica em três animais, que tiveram aplasia de medula, compressão de medula espinhal e hérnia de disco. Todos eram animais idosos.

A técnica, se não tem contra-indicação, tem em seu preço um dos grandes problemas, como explica Yara Sandra. “São terapias caras. O preço médio das aplicações está em torno de R$ 1.600 a R$ 1.700”. O número de aplicações, que são mensais, varia de acordo com o tamanho e o peso do animal, mas são, geralmente, três por tratamento.

Yara Sandra conta que o último caso tratado por ela foi em um cachorro que tinha insuficiência renal. Na quarta-feira, exames teriam apontado o sucesso da terapia no animal.

Sem restrições

Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Goiás (CRMV-GO), Benedito Dias de Oliveira Filho diz que não há uma posição específica do conselho sobre a utilização de células-tronco em animais, já que não há impedimento legal para a prática. “Os conselhos nunca normatizaram sobre isso. Dentro de determinados critérios que respeitem o bem-estar do animal não há impedimento. Só tem que ser garantido o bem-estar do animal.” Ele lembra ainda que alguns professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) trabalham com células troncos em nível de pesquisa.

Um deles é o professor da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, Luiz Augusto de Souza, que tem o assunto como tema de mestrado e doutorado, desde 2007. Ele e uma equipe, que gira em torno de 15 pessoas, atuam em um projeto de cicatrização em osso, tendão e cartilagem de animais, utilizando células tronco da medula óssea. Eles têm realizado testes, em fase experimental, em coelhos e ratos, Luiz Augusto comenta que em um primeiro momento, quando foram trabalhadas lesões em cartilagem e osso, no caso joelho, o resultado foi muito positivo. “Foi muito bom. Conseguimos publicações em revistas importantes. A recuperação (do animal) foi muito boa.”