Água com micróbios

Data: 18 de fevereiro de 2015

Fonte/Veículo: Diário da Manhã

Link direto para a notícia: http://www.dm.com.br/cidades/2015/02/agua-com-microbios.html 

 

Beto Silva

Em 2014, o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizou um pesquisa com cinco espécies de água mineral. Em uma das marcas mais populares, vendidas nas ruas de Goiânia, foram encontradas três espécies de micro-organismos: coliformios totais, Clostridium sulfito redutor e Pseudomonas aeruginosas.

Estas bactérias podem provocar doenças intestinais graves. Portanto, em vez de apresentar uma pretensa segurança alimentar, a água pode provocar doenças.

O caso da qualidade da água tem reacendido vários debates. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aumentou o rigor nas fiscalizações. A agência sugere que o consumidor verifique se o comércio que vende a água também é de confiança e se seus proprietários prezam pela higiene. Outra sugestão no caso de utilizar um galão, que passe um pano com álcool a 70% em sua superfície.

cobrança

Entre as discussões de qualidade e valor, outros temas se destacam no tocante à água. É o caso da cobrança pelo seu uso. Até o momento, em rios de domínio da União, a cobrança pelo consumo da água foi implementada na Bacia do Rio Paraíba do Sul, nas Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, na Bacia do Rio São Francisco e na Bacia do Rio Doce, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). Em rios de domínio do Estado do Rio de Janeiro, além das Bacias afluentes ao Rio Paraíba do Sul, o instrumento foi implementado nas Bacias do Rio Guandu, da Baía da Ilha Grande, da Baía da Guanabara, do Lago São João, do Rio Macaé e Rio das Ostras e do Rio Itabapoana. Em rios de domínio de São Paulo, além das Bacias afluentes ao Rio Paraíba do Sul e aos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, a cobrança foi implementada nas bacias dos rios Sorocaba-Médio Tietê e Alto Tietê.

Além da qualidade

 

As águas são classificadas, de acordo com a resolução número 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), em três tipos, sendo eles: doce, salobra e salina.

Em Goiás, de acordo com o gerente de proteção ambiental e laboratórios, Carlos Roberto Alves dos Santos, não existem águas salobras ou salinas. Essa classificação leva em conta o teor de sal no recurso. As águas doces têm salinidade inferior a 0,5%, as salobras com índice entre 0,5% e 30% e as águas salinas taxa igual ou superior a 30%.

Em algumas regiões de Goiás existe a presença mais significativa de minério de ferro e manganês. “Geralmente elas não são prejudiciais à saúde porque são elementos que são requisitados pelo próprio organismo, só que em grande quantidade vão causar um efeito estético desagradável. Por isso, as nossas estações de tratamento estão preparadas para receber este tipo de água e fazer esse tipo de tratamento”, explica Carlos.

Quanto à qualidade da água, existem aproximadamente 100 parâmetros para análise, mas os principais são o PH – que indica a acidez da água, a cor, a turbidez, o teor de fluor – dimensionado para prevenção de cáries, especialmente nas crianças, e os coliformes. Este último indicador pode indicar contaminação, ou não da amostra. A Saneago tem 17 laboratórios de controle de qualidade distribuídos em todo Estado, além de um laboratório de esgoto. As medições são feitas conforme um fluxograma que estabelece quantidade e parâmetros.

Uma dúvida recorrente entre os usuários do sistema são as alterações na cor da água. Carlos explica que esses eventos são mais comuns quando existe a falta de energia para funcionamento do sistema e, quando esta retorna à normalidade, a água pode mudar de cor. “Esse evento é temporário, logo a água já fica limpa e retorna aos padrões de qualidade. Geralmente, a gente orienta (a população a) fazer o descarte dessa água para não ter o perigo de algum problema de contaminação”, explica.

Outra ocorrência relativamente comum é alteração no cheiro da água. Carlos explica que pode ocorrer o desprendimento do oxigênio, o que provoca esse fenômeno e deixa a água mais clara, como se tivesse alta concentração de cloro. “Na hora que você pega o copinho, a água vem meio branquihna, aquilo lá são bolhas de oxigênio. O cloro que está ali, por causa da exalação do oxigênio intensifica o odor do cloro e deixa transparecer que tem muito cloro na água, mas se você for medir ele está dentro dos valores que é permitido pela legislação”, assegura.

CONTAMINAÇÃO

A falta de água tratada é um grave problema. Segundo o último Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, divulgado pela ONU, entre três e quatro bilhões de pessoas ainda não têm água encanada de qualidade. Isso possibilita a transmissão de várias doenças. Entre as mais graves estão a diarreia infecciosa, cólera, leptospirose, hepatite e esquistossomose.

Por causa da gravidade da situação, quase 200 países se comprometeram a reduzir pela metade, até este ano, o número de pessoas sem acesso sustentável à água potável segura (Objetivo de Desenvolvimento do Milênio 7).

A cada 15 segundos, uma criança morre de doenças relacionadas à falta de água potável, de saneamento e de condições de higiene no mundo, conforme o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no mundo por problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene, de acordo com representantes de outros 28 organismos das Nações Unidas, que integram a ONU-Água. Anualmente, as companhias de tratamento de água são obrigadas a divulgar um relatório sobre a qualidade do recurso entregue ao consumidor.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Goiás, 82,4% das residências têm rede geral de abastecimento de água, mas apenas 42,6% estão em locais com rede coletora de esgoto. O resultado é semelhante à média nacional, com 85,3% e 59% para os respectivos indicadores.

Líquido que alimenta o corpo e a vida

  • 97,5% da disponibilidade da água do mundo estão nos oceanos, ou seja, água salgada.

  • 2,5% de água doce e está distribuída da seguinte forma:

  • 29,7% aquíferos;

  • 68,9% calotas polares;

  • 0,5% rios e lagos;

  • 0,9% outros reservatórios (nuvens, vapor d’água etc.).

Passo a passo de higienização da caixa d’água

1 Feche a entrada de água no registro, na noite que antecede a limpeza da caixa d’água.

2 Armazene água da própria caixa para usar enquanto estiver fazendo a limpeza.

3 Feche a saída de água, deixando um pouco de água na caixa para que a sujeira não desça pelo encanamento.

4 Escove as partes internas do reservatório com escova de nylon ou uma esponja limpa. Observação: A escova é indicada para caixas de polietileno e a esponja para caixas de fibrocimento.

5 Com uma pá, retire a sujeira, e depois com um balde e um pano retire toda a água acumulada.

6 Misture com um balde 1 litro de água sanitária em 5 litros de água e espalhe a solução no fundo e nas paredes da caixa d’água.

7 Espere meia hora para que a solução faça efeito e, depois, lave de novo a caixa d’água com um jato forte de água.

8 Abra todas as torneiras, esvaziando totalmente a caixa. Esta água poderá ser utilizada para limpeza de banheiros, pisos e quintais.

9 Agora é só tampar bem a sua caixa d’água e abrir o registro.

É importante usar equipamentos de proteção como óculos, máscara com carvão ativado – disponível em ferragistas – e luvas

Fonte: Saneago