Fotógrafa registra esculturas em sepulturas italianas e brasileiras

Data: 26 de fevereiro de 2015

Fonte/Veículo: Portal Diário Catarinense 

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Rosane Cechinel expõe 30 fotografias no Museu Histórico de Santa Catarina, em Florianópolis

Layse Ventura

layse.ventura@diario.com.br

Para a maior parte das pessoas visitar o cemitério é motivo de tristeza, mas para a artista Rosane Cechinel se transformou em uma experiência reveladora. Durante os anos de 2008 e 2015, ela frequentou cemitérios no Brasil e na Itália, em diferentes estações, atrás de esculturas que adornavam túmulos e mostravam uma simbologia diferente para a morte. O resultado pode ser conferido na exposição Diálogo entre Eros, Psique e Thanatos, aberta à visitação a partir desta quinta-feira em Florianópolis.

Como explica Rosane, Eros vence a mortalidade ao eternizar sua presença nas esculturas sensuais. Psique, a alma, estabelece um diálogo com os sentimentos relacionados à perda de um ente querido. E Thanatos, deus da morte, fecha o ciclo da vida nessas esculturas, assumindo a imagem de dama da noite, em vez de sua tradicional personificação macabra.

Em todas as 30 fotos expostas a artista acentua o caráter sensual das obras, que representam sentimentos como saudade, amor, tristeza e respeito. As esculturas sobre túmulos tiveram seu auge no fim do século 19 e início do século 20, em decorrência do Édito de Saint-Cloud, em 1804, que determinava que as pessoas fossem enterradas fora dos terrenos das igrejas, o que foi tomado como lei em diversos países. Com isso, as classes mais abastadas da sociedade, principalmente a emergente burguesia, começaram a se diferenciar conforme a decoração dos túmulos.

O cemitério de Staglieno, em Gênova, na Itália, é mundialmente conhecido por essas obras de arte que transformam o espaço em um verdadeiro museu a céu aberto, com esculturas em bronze, granito e mármore. O local também abriga os túmulos de personalidades como Friedrich Nietzsche, Mark Twain e o imperador brasileiro D. Pedro II.

No Brasil, os cemitérios da Consolação e Necrópole São Paulo, ambos na capital paulista, foram os escolhidos pela artista por conta da maciça imigração italiana e, por consequência, manterem a tradição da arte tumular. Mas Rosane explica que outras cidades do país também registraram essas manifestações artísticas, como Porto Alegre, Belo Horizonte e Florianópolis.

— No Cemitério São Francisco de Assis (no bairro Itacorubi, na Capital) temos poucos, porém belos, exemplares de arte funerária com influência italiana. Visitando-o com um olhar atento à sensualidade, encontrei uma escultura em bronze, uma homenagem feita ao professor Orestes Guimarães pelo magistério catarinense — explica.

Contemporâneo do professor, o poeta Cruz e Sousa escreveu versos que, na opinião da artista, parecem ter sido feitos para as próprias esculturas. Por isso, foram escolhidos cinco poemas para comporem com as imagens, estabelecendo um diálogo inédito com elas.

Os interessados em conhecer mais sobre a arte tumular são esperados para uma palestra de Maria Elízia Borges, professora no programa de pós-graduação de História na Universidade Federal de Goiás. Autora do livro A Arte Funerária no Brasil, ela falará sobre A Escultura Italiana e a sua Influência na Arte Tumular Brasileira, no dia 18 de março, no próprio museu.

 

Agende-se

O quê: abertura da exposição Diálogo entre Eros, Psique e Thanatos, de Rosane Cechinel

Quando: hoje, às 19h30min

Visitação: até 29 de março. De terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h

Onde: Sala Martinho de Haro, no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa (Praça XV de Novembro, Centro, Florianópolis)

Quanto: gratuito

Informações: (48) 3665-6363