Anápolis desponta como polo exportador, diz pesquisa

Data: 11 de março de 2015

Fonte: O Popular

Link da matéria: http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/an%C3%A1polis-desponta-como-polo-exportador-diz-pesquisa-1.800391

 




Acaba de ser divulgada a primeira etapa da pesquisa Tráfico Internacional de Mulheres - Goiás: Pensando a Prevenção, trabalho realizado em parceria por um grupo de alunos e professores das Universidades Federal de Goiás (UFG) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Durante dois anos e meio, a partir de 2012, os acadêmicos mapearam o movimento de mulheres que deixam o Estado para exercer a prostituição em países europeus. Entre as novidades do estudo está o fato de que Goiás continua sendo um pólo de saída, mas outros estados começam a despontar. Anápolis é cidade goiana de onde saiu o maior número de mulheres que deixaram o Brasil nos últimos anos com o objetivo de se prostituir. Até o início dos anos 2000, Uruaçu, no norte do Estado, aparecia no topo do ranking.

Coordenadora do trabalho, a professora doutora Telma Ferreira do Nascimento Durães, da Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da UFG, explica que o estudo visa o desenvolvimento de ações para a identificação, prevenção, proteção e atendimento às vítimas do tráfico internacional de pessoas. O trabalho de campo, entretanto, mostrou que há uma confusão conceitual do que seria realmente crime, o que inibe a adoção de políticas públicas. “Há uma ideia de que todas as prostitutas que vão para o exterior é traficada, o que não é verdade.”

O entrave, segundo ela, é que no Brasil a prostituição não é crime, mas a exploração dela para fins comerciais, sim. Desde 2004 o Brasil é signatário do Protocolo de Palermo, que estabelece diretrizes para classificar e combater a exploração humana de forma geral. O documento define que tráfico é o recrutamento, o transporte e a transferência por ameaças, uso de força ou outras formas de coação com o objetivo de explorar comercialmente o sexo. “Vários acordos foram estabelecidos com outros países tendo como base o Protocolo de Palermo. Enquanto movimentos sociais de combate ao tráfico se referenciam a ele, o sistema de segurança brasileiro adota o Código Penal”, explica a professora.

“A mulher pode decidir trabalhar como prostituta lá fora, o que não significa que seja traficada. O tráfico prevê o cerceamento da liberdade e a sobreexploração”, afirma Telma. Nas pesquisas realizadas em Goiás, na Espanha e em Portugal foram identificadas mulheres que tinham de trabalhar horas a fio, outras que só se alimentavam de madrugada e uma parcela que não tinha acesso a dinheiro, somente a fichas.

Muitas vezes a mulher decide, por conta própria, sair do Brasil, mas lá fora é envolvida pela rede do tráfico. A resistência do público alvo e os números discrepantes encontrados junto a organismos oficiais dificultaram o estabelecimento de um perfil quantitativo pelos pesquisadores.