Um número inédito

Data: 27 de março de 2015

Fonte: O Popular

Link da matéria: http://www.opopular.com.br/editorias/magazine/um-n%C3%BAmero-in%C3%A9dito-1.813035

 

O nome é um tantinho estranho: báscula. Para quem é de circo, não há mistério. Para quem não é, talvez sobre encantamento e espanto. Como uma grande gangorra, o equipamento reproduz um fluxo inexorável: quando um sobe, o outro desce. Mas esse subir e descer não é algo fácil de se fazer. Longe disso!

“Nós estamos treinando nele há mais de dois anos”, afirma Lucas de Souza Nunes, 24 anos, o palhaço Batatão. Ele é um dos malabaristas que vão, pela primeira vez num picadeiro goiano, executar as acrobacias na báscula em um espetáculo circense.

Chegar ao ponto de encarar esse desafio requereu experiência de gente acostumada a tais voos. “Nós tivemos a ajuda de professores de Londrina e São Paulo”, diz o diretor Maneco Maracá. “Esses profissionais nos ensinaram muito. Um deles está hoje no Canadá e outro trabalhou na China”, assinala, lembrando que os dois países são as casas de duas das mais importantes trupes circenses do mundo, o Cirque du Soleil e o Circo Nacional da China. O espetáculo Que Paideia É Essa, Sem Filosofia? tem ainda malabares, trapézio, acrobacias aéreas, perna de pau e palhaços.

Um deles é o próprio Batatão, que vai dividir a báscula com os malabaristas Felipe Augusto, Davi Ferreira, Alexandre Luiz e Rafael Alves. “Eu faço de tudo”, garante. E não duvide. Já são 11 anos de Laheto, participando dos seis espetáculos montados até hoje pela escola circense.

“Eu entrei aqui com 13 anos depois de uma oficina que fiz na Feira do Cerrado. Sempre adorei circo. Em Uruaçu, minha cidade natal, era meu maior divertimento. Já até vendi pipoca em circo”, relembra. Debaixo da lona instalada no Parque da Criança, o rapaz encontrou uma família e um ofício.

Batatão acaba de se formar em Artes Cênicas pela UFG e atualmente, além de atuar nos espetáculos do Laheto, também é educador no local, ensinando adolescentes que, como ele no passado, chegam em busca da realização de um sonho. “Já trouxe muita gente para cá. Meus dois irmãos mais novos, a Luísa e o Leonardo, já trabalharam no circo. Além disso, quando estava lá na universidade, incentivei colegas a fazerem estágio no circo, já que o curso não tem essa parte no currículo. Sempre fui uma ponte entre os alunos e o Laheto.”

O circo tem ótimas histórias? Tem, sim senhor!