UFG aprova sem necessidade de cota

UFG aprova sem necessidade de cota

De 763 vagas reservadas para negros e alunos da rede pública, apenas 228 são preenchidas

06/02/2010

Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgou, na manhã de ontem, o resultado da lista de aprovados  na primeira chamada do processo seletivo 2010. Foram convocados 4854 candidatos para os 122 cursos oferecidos pela instituição. Os futuros universitários comemoraram a aprovação no Parque Vaca Brava.


Segundo o Centro de Seleção da UFG, do total de aprovados, 763 candidatos participaram do processo de cotas da universidade. Foram 763 alunos do programa UFG Inclui. Desse montante, 530 são alunos oriundos de escola pública e 233 é representado por negros. Para as vagas adicionais foram convocados 16 quilombolas e sete indígenas.


Apesar do programa de inclusão de alunos negros e oriundos de escola pública, muitos candidatos que fizeram a inscrição por meio do processo diferenciado foram aprovados sem a necessidade da cota. De acordo com o programa de graduação universitária, dos 530 aprovados por serem alunos de colégios estaduais, apenas 43 entraram por cotas. Assim como dos 233 negros somente 185 precisaram de utilizar o sistema. Os números indicam que as cotas são justificadas por etnia, e não por uma questão econômica.


Cássio da Silva Coelho, 20, calouro de Medicina, foi um dos candidatos que recebeu o trote no Parque Vaca Brava. Com tinta, bebida e farinha de trigo, os candidatos cantaram, dançaram e manifestaram a alegria pela primeira vitória na vida profissional. “Nossa é bom demais ser aprovado. Valeu a pena esperar e estudar tanto”, afirma o futuro médico.


A mãe do adolescente, Lúcia Fátima da Silva Coelho, 47, não se conteve de tanta alegria com a vitória do filho e o acompanhou até o parque para comemorarem juntos. Lúcia ficou viúva quando Cássio tinha 9 anos de idade. Sozinha e com duas crianças ainda pequenas, investiu duro na educação dos filhos. Ainda menino, Cássio manifestou à mãe o desejo de ser médico como o pai falecido, e foi nesse instante que Lúcia resolveu colocar o filho em uma escola que facilitasse esse sonho. “Já que queria ser médico, o coloquei em uma escola de qualidade”, relata a mãe.


Apesar dos estudos intensos na nova escola, o resultado do primeiro vestibular foi frustrante. Cássio não desistiu, entrou em um cursinho preparatório para o concurso e se dedicou por seis meses intensos. Em julho do ano passado, foi aprovado na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e estudou Medicina na cidade de Uberaba por um semestre. Mesmo na faculdade de Medicina, o jovem sonhava em retornar a Goiânia. No final do ano passado, se inscreveu e prestou mais uma vez a prova da UFG. Foi aprovado e agora espera ansioso o início das aulas.


Cássio não é o único a ter o que comemorar. A garota Jade de Castro, 18, recebeu o resultado da aprovação no curso de Engenharia Civil na véspera do aniversário. “É um sentimento único. Acabei de terminar o ensino médio e, amanhã (hoje), faço 18 anos”, afirma a futura engenheira.

Segundo Jade, a escolha do curso nasceu no ensino médio. O gosto pelos números e cálculos fizeram-na escolher inicialmente pela área de exatas e somente depois de analisar surgiu Engenharia. “Nem acreditei quando eu fechei a prova de Matemática da UFG. Ajudou-me muito na aprovação”, afirma a garota. Filha de funcionário público, a garota sempre teve a participação dos pais durante a vida escolar, e esse foi, segundo a jovem, o diferencial para o êxito na vida estudantil.


Os 4.854 candidatos aprovados na UFG têm os dias 11 e 12 de fevereiro para efetuarem a matrícula. De acordo com a reitoria de graduação, quando o futuro aluno acessa o nome aprovado, automaticamente aparece na página da internet um comunicado com a data de matrícula e os documentos necessários para efetivação da mesma. Uma novidade em relação ao ano passado no processo de efetivação da vaga é um cadastro realizado virtualmente pelo aluno e que deve ser imprimido e entregue no ato da matrícula no campus II.


Trote

É com o slogan “Trote não tem graça” que a UFG pretende obedecer a portaria n° 002/96e impedir comemorações entre calouros e veteranos que possa constranger ou ferir os alunos. Segundo a reitoria de graduação, o aluno que praticar o trote universitário será punido. As penas variam entre advertência, repreensão, suspensão e pode inclusive desligar o aluno da instituição. No entanto, a universidade entende que o período de início do semestre é marcado pela integração entre calouros e veteranos. Por essa razão, o trote solidário foi adotado como uma prática inclusiva. O DCE e os departamentos de curso serão responsáveis pelo momento de integração. Práticas como o plantio de árvores no campus e doação de sangue serão algumas das medidas adotadas.