Zebra é o 28º animal a morrer este ano no zoológico de Goiânia

O Popular - 12/07/2010

 

Zebra é o 28º animal a morrer este ano no zoológico de Goiânia

 

Animal estava há um ano e meio no parque. semana passada, também  morreu um gato palheiro

  

Patrícia Drummond

  

O Zoológico de Goiânia perdeu ontem a zebra Safira, que, há um ano e meio, veio para o parque, após decisão judicial tê-la retirado de um circo. É a segunda morte de animais no zoo, fechado desde julho de 2009, em menos de uma semana. Na última terça-feira, uma fêmea de gato palheiro também veio a óbito. Segundo o diretor do parque, médico veterinário Raphael Cupertino, a morte da zebra é a 28ª registrada este ano.

 

Mesmo com tantas mortes, Cupertino diz que a situação não é tão ruim. "É a metade do número de óbitos que tivemos no ano passado, nesse mesmo período (janeiro a julho). É o menor índice de mortes desde 2004, o que não significa que não lamentamos essa perda", diz. Ano passado, em seis meses, 51 animais morreram no parque.

 

 

 As causas da morte da zebra ainda não foram precisamente identificadas. Além de material ter sido recolhido para exames microscópicos e toxicológicos, o corpo do animal foi encaminhado à Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG), a fim de ser realizada necropsia. O material será encaminhado à Delegacia Estadual do Meio Ambiente e a um laboratório especializado, em Belo Horizonte (MG).

 Safira foi encontrada morta pela manhã, às 7h30, por seu tratador. A estimativa é que tenha morrido entre as 18 horas de sábado e as 7 horas de domingo, já que, ao final do dia de trabalho (às 17 horas), os tratadores devem encaminhar relatório aos veterinários e zootecnistas sobre o estado dos animais. O procedimento foi adotado em relação à zebra e, segundo Raphael Cupertino, o documento atestava que ela estava ativa e havia se alimentado bem.

"Foi uma desagradável surpresa, pois ela não estava doente e não era um animal velho. O resultado dos exames é que vai indicar um diagnóstico", reiterou o diretor do zoo. Foram recolhidos o capim com o qual a zebra se alimentou, no sábado, e amostras do capim do recinto e também da água que o animal bebeu. Durante a necropsia macroscópica realizada na UFG, foram retirados os fragmentos de órgãos que passarão por exames mais minuciosos.

Raphael Cupertino - que acompanhou o procedimento na Faculdade de Veterinária, concluído por volta das 13h30 - disse que foi verificada a presença de fitobezoários no organismo da zebra, responsáveis por uma obstrução gastrointestinal. "Os especialistas detectaram mais de dez pedras calcificadas, com diâmetros variando entre três e dez centímetros, o que representa um processo crônico", explicou. A calcificação, nesse caso, é resultado de bolas de pelo ingerido pelo animal, quando ele se lambe.

 

 

"Essa formação mineral se dá quando o pelo não é expelido, o que, no caso da zebra, segundo indicou a necropsia, parecia não ocorrer há pelo menos três anos, tempo estimado da calcificação", esclareceu. O hábito de se lamber - provocando o acúmulo de bolas de pelo - é comum em animais que ficam acomodados dentro de baias ou em espaço reduzido - o que pode ter ocorrido antes de a zebra ter sido acolhida no zoo de Goiânia.

 

 

 Quanto à fêmea de gato palheiro, Raphael conta que o felino vinha sendo tratada de uma anemia, sangrava pela vulva e recebeu transfusão de sangue de um dos sete companheiros de recinto. Contudo, não reagiu e morreu na terça-feira. A necrospia - também realizada na Faculdade de Veterinária da UFG - identificou um tumor na bexiga.

 

 

 

 

Com malas nas mãos, carregadas de roupas e alimentos, a secretária Marta Pereira de Lima teve uma grande decepção, ontem, ao chegar com os três filhos e a mãe no zoo e encontrar as portas fechadas. Vindo de Palmas, de férias, o grupo planejava passar o dia no parque. "Sabia que foi fechado uma época, mas imaginei que já estivesse reaberto. As crianças estavam loucas para ver os bichos", ressaltou Marta.  "Eu queria tanto ver a girafa", completou, triste, a pequena Agnes, de 3 anos.