Chances de gravidez caem com avançar da idade

Reprodução

Chances de gravidez caem com avançar da idade

Vinicius Jorge Sassine

Os feirantes José Carlos de Araújo, de 38 anos, e Lionice Maria Cruz, 40, sabem que precisam correr contra o tempo. Eles estão numa faixa etária em que as chances de gravidez, com a técnica de fertilização in vitro, são de apenas 20%. No próximo ano, se a atual tentativa não der certo, a possibilidade cai para 11%. No ano seguinte, quando Lionice fizer 42 anos, o casal precisaria se agarrar a uma chance de 4%. Ela tenta ficar grávida desde o início do relacionamento, há 20 anos. Com obstrução nas trompas, que precisaram ser retiradas, a esperança de José Carlos e Lionice é a fertilização in vitro. Já é a quarta tentativa do casal.

“Meu útero e meu ovário são perfeitos. Estou muito esperançosa. Venho batalhando muito para ter filhos”, diz Lionice. Ela e o marido recorrem há vários anos ao Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde prosseguem com o tratamento.
Lionice não lembra exatamente quando ocorreu a primeira tentativa de gravidez em laboratório. “Eu coloquei um embrião e congelei o restante.” Um desses embriões congelados foi utilizado na segunda vez. Lionice e José Carlos precisaram recomeçar o tratamento e um novo embrião foi desenvolvido. Lionice ficou grávida. “Faltando três dias para dois meses de gravidez, tive um aborto espontâneo.” Foi o pior momento para o casal. “Eu fiquei bem mal, tive depressão”, conta a feirante.

Lionice pegou R$ 4 mil emprestados com a irmã - os remédios para o tratamento não são oferecidos pelo HC - e está agora na quarta tentativa de engravidar. “Se não der certo agora, não vou tentar mais.” Ela e o marido cuidam, há quatro anos, de um sobrinho adolescente. “Tenho ele como filho”, afirma.

A dona de casa Ayla Greiciele Ferreira, de 28 anos, começou neste mês o tratamento para engravidar, no Laboratório de Reprodução Humana do HC. Ela e o marido, Maurício Flávio, de 37, tentam o primeiro filho desde quando se casaram, há três anos.

A primeira suspeita para a infertilidade foi endometriose. Ayla fez a cirurgia para detectar a doença e descobriu-se, na verdade, uma obstrução das trompas. Os médicos descartaram de imediato a possibilidade de inseminação. Ayla tenta a fertilização in vitro.

“Já estou fazendo o monitoramento para a ovulação”, conta a dona de casa, que vive com o marido em Jussara. “Estou muito esperançosa de ter meu primeiro filho. Minha idade favorece, as condições são boas.” Ayla acredita que o procedimento será realizado até o mês de abril. Antes de chegar ao HC, o casal gastou mais de R$ 14 mil em tratamentos de fertilidade.