[Educação] Questões do Enade elogiam governo federal (Estadão, 11/11/2009)
Questões do Enade elogiam governo federal
Uma pergunta cita o presidente Lula e outra critica a imprensa; 'não há nada a comentar', diz o MEC
Diversas questões na prova do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) mencionavam o governo Lula e a imprensa, o que provocou críticas de educadores. Algumas delas elogiavam programas do governo federal. A prova foi realizada no domingo pelo Ministério da Educação (MEC). Cerca de 1 milhão de calouros e formandos participaram do exame, que tem o objetivo de avaliar os cursos de ensino superior do País.
Procurado pelo Estado, o MEC não quis comentar o conteúdo dos exames. Na prova de Comunicação Social, aplicada a universitários de seis carreiras, entre elas Jornalismo, a questão de número 19 trata diretamente do presidente Lula.
O enunciado começa dizendo que Lula foi criticado por "veículos de mídia" ao afirmar que a crise financeira mundial seria uma "marolinha" no Brasil. Na sequência, afirma que "agora é a imprensa internacional que lembra e confirma a previsão de Lula".
Uma outra questão mencionava o impacto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) sobre o meio ambiente. Outra pergunta falava sobre o programa do governo de incentivo ao consumo consciente de sacolas plásticas. Duas questões mencionavam programas do próprio MEC. A pergunta 9 elogiava a avaliação do ensino superior e a
Os estudantes de Jornalismo se depararam com críticas à atuação dos veículos de comunicação. Uma das questões dizia que os jornais "inventam fatos" e "manipulam notícias". A prova pedia que os estudantes comparassem as linhas editoriais de jornais populares e os de grande porte.
"Jornal popular, geralmente criticado por ser sensacionalista, inventar e/ou omitir fatos e preocupar-se apenas em faturar (...). Jornal de grande porte, considerado mais responsável, por vezes esquece o verdadeiro interesse pela informação, manipulando a notícia em favor de outros interesses empresariais, financeiros, comerciais, etc. E, assim, pode incorrer em muitos erros", dizia a questão número 38.
CRÍTICAS
A especialista
"Qualquer bom elaborador tenta evitar questões de cunho político, religioso ou ideológico", pondera. "E o MEC deve analisar a prova antes de aplicá-la. Não pode delegar essa responsabilidade", completa.
Alipio Casali, professor titular da Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), acha que a questão da "marolinha" não pode ser considerada efetivamente propaganda, mas que ela apresenta um tom favorável ao governo.