Para analista, Marconi integra eixo que assumirá o comando do PSDB

 

Na opinião de Nassri Bittar, derrota de Serra e vitória expressiva de Aécio reposicionam o núcleo decisório do partido

Márcia Abreu
Depois de ser eleito governador de Goiás com 52,97% dos votos válidos em uma disputa que teve como adversário três máquinas (as dos governos municipal, estadual e federal), o tucano Marconi Perillo passa a integrar o novo eixo de poder do PSDB, na opinião do cientista político e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nassri Bittar.
O eixo seria composto pelo  senador eleito Aécio Neves, pelo governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, pelo governador eleito do Paraná, Beto Richa, e por Marconi.
Comprovadamente fortes nas urnas, esses tucanos passariam a comandar um dos maiores partidos do País, o PSDB, em substi-tuição à atual cúpula da sigla, capitaneada por Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República; José Serra, ex-governador de São Paulo e presidenciável derrotado pela candidata do PT (Dilma Rousseff) nessas eleições; e por Tasso Jereissati, senador não reeleito pelo Ceará.
A missão desse novo grupo, segundo Bittar, vai além de ser o novo eixo de poder, na opinião de Bittar. “A turma de FHC tende a ficar à reboque desse novo eixo, que é quem vai comandar o partido. Agora, é preciso ganhar espaço, podemos dizer que esse grupo ganhou a batalha, mas não a guerra. É preciso se manter.”
De acordo com Nassri, a tendência é que Aécio seja o comandante do grupo. “Aécio será a grande estrela. É quem dará as cartas e ele vai ter de reconhecer a importância de Marconi, que enfrentou três máquinas de governo em Goiás e saiu vitorioso.”
Nessa empreitada de se manter, o sucesso desse novo eixo de poder vai depender de como ele se comportará. “Esse grupo, formado por Aécio, Marconi, Richa e Alckmin precisa saber trabalhar essa nova força. Qual vai ser o arranjo? Vão trabalhar em conjunto? Vão se unir? Tem de ter hegemonia, tem de vencer uma batalha dentro do próprio PSDB e não trabalhar numa briga de oposição (referência à postura do grupo quanto ao governo Dilma).”
Para Nassri, o grupo do novo eixo terá de delinear o mo-delo ideal de oposição para vencer as eleições de 2014. “Se ficar sob o comando de Aécio, já se sabe que será no estilo mineiro, bem discreto. Por outro lado, o PT também tem de achar um denominador comum na coligação eleita, mas pelo perfil de Dilma imagina-se que o diálogo será civilizado”, completa.
O cientista aposta que a postura da petista será de consolidar programas e que ela não buscará embate com os tucanos, pois precisará deles.  “Dilma vai continuar com os projetos de Lula e criar novos e, nisso, ela não optará pelo bom relacionamento. Ela precisará aprovar os seus projetos na Câmara Federal e no Senado (e o PSDB tem deputados federais e senadores que podem contribuir ou dificultar) e, em contrapartida, os governadores precisam de verbas para investimentos nos Estados. Então, eles não podem entrar em atritos, eles têm de ter hegemonia. Senão os governos não caminham.”

 

“Marconi é hábil e experiente. Vai precisar agora de mote para chegar à Presidência”

Cientista Político, Nassri Bittar comenta a suposta aspiração de Marconi, de ser presidente da República. Nassri avalia que há possibilidades, embora se trate de uma disputa dura. “Marconi é um político hábil e tem experiência. Já foi deputado, governador e senador. Alcançou a maturidade política. Assim como todos os políticos, Marconi tem suas pretensões, se não tivesse não seria um político nato”, diz.
De acordo com Nassri, para que o tucano alce tamanho voo é preciso criar “um mote” de campanha. O cientista cita a investida do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que se candidatou à presidência, em 1990, sob o slogan de “caçador dos marajás (Collor denunciava políticos de Alagoas que pagavam salários a familiares que apareciam nas folhas salariais do governo, mas que na verdade não trabalhavam no Executivo, só recebiam), e saiu vitorioso.
“Collor criou um mote e ganhou. Aécio, quando governador de Minas, também criou o mote da administração eficiente em Minas Gerais. Se Marconi criar e der certo, tudo bem. Não sei se o time (tempo) dele é agora. Se for, lhe falta isso.”