Enem tem 17 mil inscritos a menos

O Popular

De acordo com o INEP, organizador do exame, 113 mil alunos se inscreveram em Goiás neste ano

Malu Longo


Apesar do número recorde de inscritos em todo o País para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010 - mais de 4 milhões de estudantes -, em Goiás o interesse pelas provas caiu. Este ano, apenas 113.375 alunos do ensino médio se inscreveram ao Enem, cerca de 17 mil a menos do que em 2009. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em 2010, 59 universidades federais vão utilizar a nota do Enem em seus processos seletivos, em 35 delas o Exame será a única forma de seleção em substituição ao vestibular tradicional. As provas do Enem 2010 serão aplicadas nos dias 6 e 7 de novembro.
O Ministério da Educação (MEC) comemora o número de inscritos em 2010, exatamente 4.611.441, o maior desde que o exame foi criado em 1998. O recorde anterior tinha sido registrado no ano passado, quando a prova passou a ser utilizada nos processos seletivos das universidades federais. Foram cerca de 4,1 milhões de estudantes inscritos, mas a abstenção foi superior a 30%.

Em 2010, o maior número de inscritos, 827.818, é de São Paulo, seguido de Minas Gerais, com 538.864. A Bahia, com 428.620, ocupa a terceira colocação. Entre as 27 unidades da Federação, Goiás ficou em 14º lugar. Do total de inscritos, 48.504 pediram atendimento especial. A maior parte (24.650) é composta por candidatos que guardam o sábado. No primeiro dia do exame, esses estudantes devem chegar ao local designado no mesmo horário marcado para os demais alunos, mas farão a prova somente a partir das 18 horas — no dia 6 de novembro, sábado, a prova será das 13 horas às 17h30. No domingo, das 13 horas às 18h30.

A Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Campinas (Unicamp) desistiram de usar a nota do Enem este ano. As duas instituições alegam que o Enem deste ano será realizado muito tarde, em 6 e 7 de novembro, o que impede que a nota no exame seja computada. As instituições afirmam que isso não significa que em 2011 elas não vão utilizar a nota do exame.

Enem na UFG

Na Universidade Federal de Goiás (UFG), um dos pontos de pauta da reunião de gestores hoje é a proposta de utilização das notas do Enem no processo seletivo 1 de 2011. A UFG, que já vem adotando o Enem em seu concurso vestibular há dois anos, deve alterar a forma de uso das notas, mas a proposta dos gestores terá de passar pelo aval da Câmara de Graduação e do Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura da instituição que vão se reunir no final deste mês.


Nos últimos dois anos, a UFG somente não adotou o Enem em seu primeiro vestibular de 2010, embora estivesse previsto no Edital. A decisão ocorreu em função da fraude descoberta na véspera da aplicação das provas, em outubro, levando o Ministério da Educação a adiar o Enem. Temendo atrasar o ano letivo, a UFG optou por não mexer no calendário do seu processo seletivo. No vestibular de meio de ano, em junho, o aproveitamento da nota do Enem foi de 40%, o dobro de 2009.

Certificação

Buscam a certificação do ensino médio pelo Enem 528.658 inscritos, 13.658 deles são de Goiás. Cabe ao Inep, além de receber as inscrições dos candidatos, aplicar e corrigir as provas. A emissão do certificado, porém, é de competência das secretarias estaduais de educação. Os institutos federais de educação, ciência e tecnologia e os centros federais de educação tecnológica (Cefets) também podem fazer a certificação com base nos resultados do Enem. O Estado com maior número de pessoas em busca de certificação é São Paulo, com 83.058 inscritos.


Em menos de um ano 2 suspeitas de fraude

Em menos de um ano o Ministério da Educação (MEC) teve de enfrentar duas suspeitas de fraudes envolvendo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No dia 1º de outubro de 2009, o ministro Fernando Haddad cancelou a prova do Exame que seria realizada dois dias depois em todo o País. O ministro tomou a decisão ao ser alertado pelo jornal O Estado de S. Paulo de que um homem teria procurado o jornal querendo vender uma cópia da prova por R$ 500 mil. O vazamento provocou a queda do então presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, e o exame foi realizado com dois meses de atraso.

Na terça-feira da semana passada, informações sigilosas dos estudantes inscritos no Enem em 2007, 2008 e 2009 vazaram no site do Inep, que é responsável pela organização da prova. Foram exibidas informações como nome, carteira de identidade, CPF, notas e número da matrícula, que deveriam ser mantidas em sigilo.

Um dia depois, os deputados federais João Almeida (PSDB-BA) e Gustavo Fruet (PSDB-PR) protocolaram no Ministério Público Federal pedido de investigação sobre o vazamento de dados pessoais de inscritos no Enem. Em discurso no plenário da Câmara Federal, Gustavo Fruet criticou a exposição de dados de milhões de jovens.