Para onde vai a Grécia?

Caos, para a mitologia grega, é um estado não organizado das coisas, o nada. Essa palavra, em grego, significa um abismo insondável e reflete bem a realidade da Grécia hoje: uma crise que está longe de ser solucionada.
No dia 16 de maio deste ano, o presidente do Conselho de Estado, Panayotis Pikrammenos, foi escolhido como o novo primeiro-ministro do país. Ele assumiu o cargo interinamente por causa do fracasso das eleições do dia 6, onde nenhum partido conseguiu votos suficientes para formar o governo.
Panayotis atuará em caráter provisório e não poderá tomar decisões de cunho internacional até que sejam realizadas novas eleições, já confirmadas para o dia 17 de junho.
Com a incerteza política na Grécia, a economia mundial está fragilizada. As bolsas de investimentos da Ásia, Europa e dos Estados Unidos, temerosas com a saída do país da zona do Euro, estão cada dia mais desestabilizadas.
Mas o Brasil também pode não sair ileso dessa crise. Para o professor de Geopolítica da UFG, Romualdo Campos Pessoa, a crise pode chegar aqui. “Vai nos afetar porque já está afetando o mundo todo. Mas o governo brasileiro já está tomando algumas medidas, como a redução dos juros, para impulsionar mais a indústria e o comércio internamente”, esclarece.
A Grécia possui hoje uma dívida que consome 150% do seu PIB (Produto Interno Bruto). A União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) acordaram a liberação de 130 bilhões de euros para quitação do débito, mas o país deve, em contrapartida, aderir à política de controle fiscal que prevê cortes de receita e da previdência, demissões de funcionários públicos, redução de salários no setor privado e aumento de impostos.
As exigências revoltaram a população. Greves, protestos e confrontos marcaram os últimos meses no país. Agora, os gregos se dividem entre os que apoiam o pacote de ajuda econômica e os que são radicalmente contra.

Sem saída?
Para Campos Pessoa, a tendência é a escolha de um governo que efetive a saída dos gregos da União Europeia. “A Grécia não tem saída. O único caminho é abandonar a zona do Euro, mas existe a pressão de outros países para que isso não aconteça. Esse cenário pode contribuir para que os outros países, em recessão, venham a adotar a mesma medida”, diz o professor.
Professora de Política Internacional da PUC-GO, Maria Aparecida Skorupski, prevê que a saída do país do bloco pode gerar mais problemas. “A União Europeia integrou a Grécia no bloco e agora não seria justo nem honesto abandoná-la à própria sorte. Se isso acontecer será pior porque começa o esfacelamento de um bloco e mostra claramente que a centralização das decisões é para preservar os interesses das potências que estão presentes no grupo, que são a Alemanha, a França e a Grã-Bretanha”, considera.
Maria Aparecida não vê muitas alternativas para a Grécia. “Ou o país aceita a ajuda externa ou terá que reprogramar o seu funcionamento interno.” Mas ela ressalta que o apoio externo é imprescindível sob o risco do país não conseguir sair da crise.
A decisão agora, segundo ela, está nas mãos da população.