Assembleia da UFG acaba em troca de socos

Professores discutiam se universidade aderiria a greve que já abrange 46 instituições federais

Alfredo Mergulhão

07 de junho de 2012 (quinta-feira)

Uma assembleia de professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizada ontem no Campus 2 da instituição teve troca de socos e acabou em impasse. Divididos em duas entidades representativas da categoria, parte dos docentes decidiu pela adesão à greve já deflagrada em outras 46 instituições federais de ensino superior do País. A Associação dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg Sindicato) não reconhece o movimento grevista e afirma que ele não tem validade legal. A deliberação acerca da greve ocorreu após briga generalizada no palco do auditório da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac) entre membros dos dois grupos.

Os professores foram convocados para deliberar acerca de uma paralisação que seria realizada no dia 15 de junho. Mas a presença de docentes não filiados ao sindicato motivou a intriga. Eles lotaram o auditório e a direção da Adufg solicitou a retirada desses professores para dar lugar aos filiados. Após reiterados pedidos, a presidente da Adufg, Rosana Borges, ameaçou cancelar a assembleia. Foi o estopim para a briga. Professores dos dois grupos subiram ao palco e houve troca de agressões. O sindicato abandonou a reunião depois da confusão.

A briga e a greve estão relacionadas a política partidária, conforme apurou o POPULAR. Os professores contrários à paralisação integram em sua maioria o Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), com postura pró-negociação com o governo federal e tem alguns membros filiados a partidos como PT e PCdoB. Do outro lado estão os docentes vinculados ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), que defende o movimento grevista e são ligados sobretudo ao PSTU e PSOL.

As duas partes atuaram juntos até maio em um grupo de trabalho (GT) formado com membros do Ministério do Planejamento que discutia a reestruturação do plano de carreira da categoria. As discussões terminariam no dia 31 de maio, mas a Andes começou greve no dia 17 do mês passado. Um dos integrantes do movimento grevista, o professor Diego Coluginati sustenta que as negociações não avançaram, que o governo federal não concedeu aumento de 4% que havia prometido e modificou cálculo de adicional de periculosidade e insalubridade. “O rompimento entre as entidades foi por questões ideológicas e político-partidárias. Mas a greve é de todos os professores e não de grupos. Vamos procurar a Adufg para conversar. Rachar não é a solução”, diz.

Rosana Borges argumenta que a paralisação foi deflagrada com a mesa de negociação aberta com o governo federal. O Proifes só aprovou indicativo de greve após o governo encerrar o diálogo, devido ao movimento grevista. “A violência foi inaceitável”, afirma. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) aprovou greve estudantil a partir de segunda-feira.