Educação dá exemplo

Na tradicional feira agrícola, alunos e educadores integram programações distintas com o objetivo comum de conhecer, discutir e refletir sobre o universo agrícola do Estado de Goiás

 

Juliana Barcelos

 

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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO PRETENDE AMPLIAR NÚMERO DE PRODUTOS ADQUIRIDOS DA AGRICULTURA FAMILIAR

 

A importância do papel do professor na formação de crianças, jovens e adultos é incontestável, mas o que muita gente não sabe é que, a partir do trabalho de pequenos agricultores, é preparada uma matéria fundamental para o bom desenvolvimento do processo educativo: a merenda escolar.
Alimentos como proteína de soja, mamão, polpa de abacaxi, muçarela e rapadurinha, comprados de cooperativas goianas, integram, desde 2011, o cardápio da alimentação fornecida pelas unidades educacionais aos cerca de 120 mil alunos da rede municipal de Educação (RME).
De acordo com Noeme Diná Silva, diretora do Departamento de Alimentação Educacional (Dale), da Secretaria Municipal de Educação (SME), os produtos são adquiridos por meio de chamada pública, uma forma de licitação específica para a contratação de serviços da área rural.
O modelo da atual política de compras públicas da Agricultura Familiar adotada pela administração municipal de Goiânia foi apresentado em diversos momentos ocorridos, na última semana, durante a realização da Feira Agro Centro-Oeste Familiar 2012, promovida pela UFG (Universidade Federal de Goiás) com a colaboração de diversas instituições, inclusive a Prefeitura Municipal.
Por meio de estande, oficina e mesa redonda, a equipe de nutricionistas do Dale instruiu os visitantes da feira quanto a inclusão dos gêneros produzidos por agricultores familiares no cardápio educacional e os desafios, avanços, oportunidades e perspectivas desta adoção.
Centenas de gestores, nutricionistas e acadêmicos puderam conhecer a experiência da educação municipal, reconhecida nacionalmente por cumprir a legislação que determina a utilização de, no mínimo, 30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE) para alimentação escolar, na compra de produtos da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações (Lei 11.947/2009).
Para Nair Augusta de Araújo Almeida Gomes, nutricionista do Dale e integrante do Conselho de Alimentação Escolar da RME, a forma de gestão adotada é a chave para o sucesso do programa.

Fórmula do sucesso
“Em Goiânia, temos uma gestão centralizada, o que significa que os recursos advindos do Governo Federal são repassados em forma de alimentos para as escolas e centros de educação infantil. Nosso maior desafio é compatibilizar os gêneros ofertados com as necessidades de cada modalidade da RME”, ressalta a nutricionista.
A secretária municipal de Educação, Neyde Aparecida, confirma o esforço empenhado no cumprimento das metas e defende a ampliação do programa, com a aquisição de novos produtos. “Desde 2010, é realizado um trabalho com os sindicatos para atender as necessidades das escolas. Em 2011, a demanda foi atendida e a aceitação dos produtos nas escolas foi grande. Neste ano, a proposta é que os agricultores forneçam outros alimentos”, declara.
Durante a Agro Centro-Oeste Familiar, enquanto os profissionais da educação e saúde que atuam no Dale debatiam sobre a valorização e a utilização dos produtos da agricultura familiar como ingredientes na merenda escolar, alunos da rede municipal participavam das atividades propostas no Circo da Comunicação da Infância e da Juventude
Oficinas, intervenções musicais e espetáculos teatrais e circenses foram propostas com o objetivo de articular profissionais da comunicação, educadores e alunos da cidade e do campo a fim de constituir uma rede compartilhada de comunicação e conhecimento.
De acordo com a organização do projeto, o objetivo do circo é tratar o tema da agricultura familiar em outros espaços de discurso que não necessariamente o técnico e científico.
Educandos de 13 escolas municipais de Goiânia integraram as formações oferecidas, ministradas por profissionais da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da UFG.
Ao todo, 260 estudantes, com idade entre 10 e 15 anos, tiveram a oportunidade de escolher áreas afins - fotografia, informativo impresso, fanzines, cinema, confecção de blogs, artes e técnicas circenses - para auxiliar no desenvolvimento de projetos na escola.
Alessandra Ramos, 9 anos, aluna da E. M. Dom Fernando Gomes dos Santos, fez oficina de fotografia e aprovou a experiência. “Já gostava de tirar fotos, depois de aprender sobre a técnica consigo achar o melhor ângulo para reproduzir imagens mais bonitas de árvores e paisagens”, diz.

Frutos colhidos

Para Marcos Pedro da Silva, chefe da Divisão de Estudos e Projetos do De­pa­rtamento Peda­gógico da Secre­taria Municipal de Educação, a participação na feira foi uma oportunidade ímpar para os educandos. 
“Os alunos puderam conhecer a vocação sócio-econômica de nosso estado, com isso, eles poderão estabelecer relação com a realidade rural. Outra questão importante é que a ação prioriza a comunicação e sua difusão no meio educacional por meio de ações pedagógicas interativas ligadas às questões da agricultura familiar e do meio ambiente”, comenta
A secretária municipal de Edu­cação, Neyde Aparecida, avalia a parceria da SME na feira agrícola como uma oportunidade de apre­ndizado e crescimento para todos. “Participar de momentos como este incentiva os educandos e seus professores a continuarem produzindo saberes. A Agro também é uma oportunidade de manter viva a diversidade alimentar brasileira e de estimular os agricultores familiares a produzirem cada vez mais para reforçar os cardápios escolares”, declara a Secretária.

A feira

A Agro Centro-Oeste Familiar é promovida desde 2000 pela Universidade Federal de Goiás (UFG) com apoio de entidades parceiras, entre elas a Prefeitura de Municipal de Goiânia. O objetivo desta edição da feira éa tentativa de inserção do agricultor familiar na estrutura do agronegócio, estabelecendo como prioridade a formação, a orientação técnica e a tentativa de impulsionar a produção organizada entre os pequenos produtores.

Fonte: Tribuna do Planalto