Na busca pelo desenvolvimento

A agricultura familiar mais uma vez entrou em foco durante a feira Agro Centro-Oeste 2012. De quarta- feira, 13, até sábado, 16, o Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG) se tornou palco de uma das mais tradicionais feiras do segmento.
Estavam presentes na mesa de abertura na quarta-feira, 13, o reitor da UFG Edward Madureira Brasil, o reitor do Instituto Federal Goiano, Vicente Pereira de Almeida, o secretário de Agri­cultura, Pecuária e Irriga­ção do Estado de Goiás, Antônio Flávio Camilo de Lima entre outras autoridades e docentes da UFG.
Com uma programação extensa e diversificada a feira contou com exposição de alimentos e artesanato de 40 grupos de agricultores de Goiás. Além de mostrarem seus produtos para o público, os agricultores também puderam participar de seminários e cursos considerados importantes para a rotina produtiva do pequeno produtor.
O evento é uma iniciativa da Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com cooperativas de agricultores, sindicatos rurais, movimentos sociais, instituições públicas e demais entidades que promovem o desenvolvimento agrário no estado.

Tradição
A Agro Centro-Oeste é promovida desde o ano 2000 pela Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG e instituições parceiras. O que era antes um projeto de extensão acabou se tornando um espaço para difusão de conhecimentos técnico- científicos e também a apresentação de empreendimentos tecnológicos, com o intuito de aperfeiçoar a agricultura em Goiás.
Um dos principais objetivos da feira era o de inserir o agricultor familiar na estrutura do agronegócio. Para o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, a aproximação entre a sociedade e os projetos acadêmicos é fundamental para o desenvolvimento de programas como o da feira Agro Centro-Oeste.
A feira ficou parada durante três anos, desde 2008. Nesse ano a retomada veio com um compromisso da própria instituição em oferecer ainda mais espaço para diálogo e afirmação dos produtores familiares. “Proponho dar continuidade a tudo que foi pensado ao longo de dez anos e também sugiro que novas ideias e propostas venham somar para que a feira só melhore”, ressaltou o reitor.

Agricultura familiar
Na tentativa de avançar em relação a políticas públicas da agricultura familiar o governo federal criou em 2009 uma lei que regulariza a inclusão de agricultores familiares na comercialização de produtos da merenda escolar. A lei prevê que pelo menos 30% dos produtos adquiridos para alimentar os estudantes da rede pública de ensino deva vir da agricultura familiar.
Essa medida contribuiu de forma significativa na comercialização dos produtos provenientes da agricultura familiar. No entanto, parece ainda não ter sido suficiente em relação ao gargalo que existe quanto à venda de produtos e alimentos produzidos em cooperativas e assentamentos em Goiás.
Durante a Agro Centro Oeste palestras levantaram essa e outras questões quanto as dificuldades enfrentadas dentro de todo o processo de produção até a comercialização. Os agricultores puderam se aperfeiçoar profissionalmente e até mesmo planejar a expansão do comércio.
Quando o assunto é a agroindústria, a maior parte dos agricultores familiares parece fazer oposição.  A inserção de um empreendimento industrial e comercial requer adesão de processos burocráticos e a exigência de padronização. Tudo isso exige gastos e desestimula os produtores que no fim optam pelos produtos artesanais.
Um exemplo de projeto totalmente artesanal é o Apicultura: Desenvolvimento Sustentável, formado 13 famílias dos assentamentos Rio Claro e Santa Rita no município de Jataí. O projeto surgiu com a ideia de aumentar a renda familiar dos assentados.
Dona Lazara Batista dos Santos, presidente do assentamento Rio Claro, proponente do projeto de apicultura, conta que a ideia de comercializar o mel surgiu há uns oito anos, no entanto só foi possível colocar em prática no início de 2011 após parcerias com a Caixa Econômica Federal, a Universidade Estadual de Goiás (UEG), a UFG entre outros aliados.
A agricultora diz que todos os integrantes do projeto são associados da Cooperativa de Produção Agroindustrial Fami­liar do Sudoeste Goiano (COOPFAS). “Nesse projeto as mulheres estão à frente, contamos com o auxilio dos maridos em algumas etapas de produção, porém somos nós que criamos os produtos e comercializamos”, revela Dona Lazara.
De sabonete líquido a base de mel a trufas de chocolate feitas com o pólen, a variedade de produtos apresentados no stand das senhoras de Jataí parece ter chamado a atenção dos visitantes da feira.
Com média de duas mil pessoas por dia, o evento apresentou ainda artesanatos de seis comunidades Calunga das regiões de Cavalcante e Teresina de Goiás, além de diversos produtos alimentícios de diversas regiões goianas.