O porto seguro de Goiás

7 Maravilhas de GoiásTestemunha de importantes fatos históricos do Estado, Serra Dourada é assunto da segunda reportagem da série sobre as eleitas pelos leitores

Rodrigo Alves

 

Cora Coralina, a vilaboense mais famosa, escreveu que quando a Serra Dourada ergueu-se em Goiás, há milênios, postou-se em “equação de equilíbrio da pedra oscilante”. Firme como observou a poeta, uma das 7 Maravilhas de Goiáseleitas pelos leitores do POPULAR, a serra é o segundo destino apresentado na série de reportagens que o jornal publica até domingo. Conhecê-la não é realizar somente uma incursão pelas belezas naturais, mas também enveredar por caminhos importantes da história do Estado. Nela ocorreram acontecimentos importantes do Estado por abraçar, há milhões de anos, o vale onde nasceu a antiga capital de Goiás, que a partir de hoje receberá milhares de turistas para o 14º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás (Fica).

Na Serra Dourada também nasce o famoso Rio Vermelho, que banha a cidade histórica e é um dos afluentes mais importantes do Rio Araguaia, maravilha goiana apresentada na reportagem de ontem. Além de tudo isso, a serra também desperta a atenção de amantes de esportes radicais, graças às diferentes paisagens oferecidas. Para quem gosta de lançar um olhar poético sobre o atrativo natural, a Serra Dourada provoca também a bucólica sensação inerente aos gigantes da natureza. Dona desse olhar, a artista plástica Goiandira do Couto, por exemplo, imortalizou muitas paragens com as areias coloridas da própria serra.

Goiandira foi uma das muitas goianas que não se cansaram de admirar o brilho dourado refletido pela serra aos finais de tarde, quando a luz do sol poente bate ali. Contam os antigos que esse brilho fez com que os primeiros habitantes da cidade, há quase três séculos, acreditassem que havia li um grande eldorado. Se o fato não se confirmou tão verdadeiro assim, é preciso lembrar que em muitos de seus pontos serviram sim ao garimpo. Por conta disso, passa pela serra um pedaço antigo da chamada Estrada Real, que servia de escoamento para a produção aurífera e por onde também circularam os primeiros bandeirantes que exploraram a região.

FORMAÇÃO

A Serra Dourada faz parte de uma série de faixas de desdobramentos do solo do Brasil Central, que se estendem da parte sudoeste de Minas Gerais, onde está a Serra da Canastra, subindo até a parte sul de Tocantins, passando pelo meio do Estado de Goiás e pelo Distrito Federal. Em outras palavras, a Serra Dourada é uma formação resultante de resíduos de antigas dobras do relevo, que ora se estreitam ora se alongam ao longo do percurso. Sua extensão concentra-se principalmente no município de Goiás e nos municípios vizinhos de Mossâmedes e Buriti de Goiás.

Em muitos de seus pontos, a Serra Dourada abriga pontos marcantes, que contemplam adeptos do ecoturismo. Um deles é a Cidade de Pedra, chamada assim por reunir rochas enfileiradas e esculpidas em milhões de anos pela ação dos ventos e das chuvas, assemelhando-se a edifícios. Pela forma acidentada, a serra também propiciou a formação de muitos cursos d’água que fazem a alegria dos aventureiros. Entre os córregos mais significativos, estão o Bagagem, Caxambu, Água Fria e Aguapeí, que deságuam no Rio Vermelho, que por fim vai dar no Rio Araguaia.

Na tentativa de manter este trecho do Cerrado o mais preservado possível, foram criados o Parque Estadual e a Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra Dourada, que abrangem uma área de mais de 35 hectares. Na Serra Dourada, há também um pedacinho que abriga a Reserva Biológica da Serra Dourada, mantida há quatro décadas pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Explorar esses pontos fechados da Serra Dourada – o que inclui a prática de esportes radicais –, requer autorização prévia. É preciso, portanto, informar-se e muitas vezes ter paciência para vencer a burocracia. Quem for ficar por ali por vários dias seguidas, sediado na cidade de Goiás, pode tirar um dia ainda para fazer visitas a museus das cidades.